Thursday, April 26, 2007

NOTAS DE UMA MENTE COM LEMBRANÇAS - Dia 26

O dia é que lembra a música e não a música que lembra o dia.
Poderiam ser lembranças de um passado muito distante. Passado nem tão distante.
Tanto faz. Ouví essa música quase que durante toda a minha vida.
Café em família. Brincadeira com cachorro. Livro da semana. Exercícios de concentração.
Lembro da capa do lp. Avermelhada. Lembro da capa do cd. Azul típico de uma coleção de clássicos.
Não tenho o lp. Não tenho o cd.
Nunca mais ví alguém colocar essa música para tocar. 27 de julho de 2003.
Sempre posso ouví-la. Só de memória.
Memórias do dia 26.
Bolero de Ravel.

Tuesday, April 24, 2007

NOTAS DE UMA MENTE COM LEMBRANÇAS - A velha embaixo da cama

Existe um período que eu não sei determinar muito bem quanto durou mas nesse período não houve grandes registros com trilha sonora.

Talvez as lembranças dessa fase não combinassem com outros sons que não os do silêncio.

Lembro de um lp dos Trapalhões e da música A velha debaixo da cama. Lembro do Balão Mágico e do lp que parecia ter meu irmão na capa (todo mundo achava o Toby idêntico ao meu irmão).

Lembro dos produtos mas não tenho lembranças associadas a nenhuma música dessa fase.

Monday, April 23, 2007

NOTAS DE UMA MENTE COM LEMBRANÇAS - samba, sim

Na casa de meus pais nunca houve um disco de Roberto Carlos. Sempre parecí um e.t. por causa disso.
Havia muito disco nacional mas nenhum do Rei ou de outro membro da Jovem Guarda. Muita mpb e alguns tipinhos marcantes: Paulinho da Viola, Clara Nunes, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque e Beth Carvalho.
Essa última não tinha muito prestígio lá no número 8 mas daí ela gravou uma música que marcou uma época da família. A música tinha uns versos que diziam mais ou menos assim:

Você vale ouro todo o meu tesouro
Tão charmosa da cabeça aos pés
Vou lhe amando lhe adorando
Agradeço a Deus porque lhe fez
O coisinha tão bonitinha do pai

Meu pai que era um homem tímido cantava essa música em alto e bom som para mim. Até minha vó que vivia em São Paulo sabia das serenatas do seu Mozart.

Essa música sempre me faz lembrar de manhãs muito sorridentes. Um samba na família quase sem molejo (quase por causa da minha mãe).
Águas de março fechando abril. Da forma como vai as noivas se mudarão para junho e pular fogueira só no mês de cachorro louco, agosto.

Sunday, April 22, 2007

NOTAS DE UMA MENTE COM LEMBRANÇAS - A primeira

Não sei quantos anos eu tinha mas sei que eram poucos pela altura entre a mesa do escritório do meu pai e minha cabeça.
Anos antes meu pai dera uma vitrola vermelha para minha mãe. Daquelas com rotações diferentes. Junto ele comprou um long play - LP - da trilha sonora internacional de Escalada.
Tenho a impressão de que minha mãe não gostava do disco. Ela nunca gostou de música em inglês e por isso nunca o ouvia.
Já eu adorava aquelas músicas. E essa é a primeira lembrança que tenho ligada à melodia.
Eu fechava a porta do escritório. Com o cuidado de não raspar a agulha da vitrola, colocava o LP para tocar. Sentava-me à mesa e rabiscava desenhos por horas até que meu pai fosse me resgatar para o jantar.
As músicas eram várias mas a favorita que povoa essas lembranças era Only You do The Platters.
Na mesma época e no mesmo escritório como cenário, eu ouvia outra música. Só que essa não era escolhida por mim e até hoje não me traz boas sensações. "Pra não dizer que não falei das flores" com Geraldo Vandré.
Meu pai ouvia essa música com uma frequência enorme. Sim, meu pai foi um homem com aquilo que à época se chamava de pensamentos de esquerda.
Normalmente, nos dias de Geraldo Vandré, era ele quem precisava ser resgatado daquele pequeno escritório. Não fazia desenhos mas escrevia muito.
Não garanto que Geraldo Vandré não tenha sido minha primeira lembrança musical mas como os sentimentos despertados por essa música nunca foram bons, preferí acreditar que ela é a segunda, depois de The Platters.
Algumas vezes parece uma brisa. Em outras, uma luz ou uma cor. Quase sempre é uma música.
Esse poder diferente de me trazer lembranças é muito forte com a música.

Saturday, April 21, 2007


17h55.
Meu almoço está quase pronto.
Resumo da tarde: pernas cansadas, braços arrasados, bolha estourada no polegar e um sorriso que insiste em não sair da minha face.

Wednesday, April 18, 2007

Duas e cinquenta. Ainda falta um banho para acabar com o cigarro que grudou no meu corpo.
Sanduíche de brie com geléia de damasco e presunto crú. Fora a demora, foi uma boa pedida.
Festa fechada. Casa cheia. Cenas hilárias e outras nem tanto.
Fauna monotemática. Sapas.
Variações interessantes sobre o mesmo tema. Diferenças evolucionistas.
Resumo da ópera. Meu astral continua bom. Até melhor que o pós-show cheio de energia.
Deus conserve assim e que algum anjo passe na net e diga amém.

Tuesday, April 17, 2007

Não são "moderninhos". Não são cult.
Só que eu adoro aquela voz chorosa e aquelas melodias doces.
Adorei o show do Keane e estou numa espécie de estado de graça. Não questionem porque foram só algumas cervejas.
Eles são britânicos como os últimos: Pet Shop Boys e New Order. Só que o som estava ótimo. A voz era ótima. O astral era maravilhoso.
C-A-R-A-C-A!!!!!!
Hoje eu adoro viver. Com toda a delícia e o horror de ser o que sou.
Amo. Sofro. Odeio. Sorrio. Adoro. Canso. Vivo!!!!
Vejo com meus olhos. Escuto com meus ouvidos. Respiro com meu pulmão. Me calo com minha própria voz!!

Monday, April 16, 2007

Amanhã quase hoje tem Keane. E eu vou.
Gosto da voz chorosa e da música melódica. Vou torcer pelo possível cover de Enjoy the Silence.
Cheguei e fui para o banho.
Saí e fui para a cozinha.
Fiquei um pouco e fiz spaghetti com atum.
Joguei um pouco de pimenta e abrí uma Fanta.
Desistí. Pensei na vida e decidí. Voltei a comer.

Sunday, April 15, 2007

Dormí até acordar.
Pão na chapa e Nescau.
Algumas mensagens de texto sobre a noite anterior.
Sol. Sol. Sol.
E eu só penso na água. Na água. Vou cair na água.
Sábado lindo. Sol brilhando.
Fui encontrar uma velha paixão ariana.
Tanto som, tanto movimento. Camisas girando no parabéns à você.
O placar não foi bom mas o fim de tarde no Pacaembú foi maravilhoso.

Wednesday, April 11, 2007

Ele fazia grande esforço. Não saía do lugar.
Ouvia uma voz do além que punha em xeque o seu preparo físico. Duvidava da sua capacidade.
Fazia grande esforço. Nada.
Ouviu um barulho estranho. Sentiu seu corpo ser lançado para frente.
Teve medo. E chorou.
Nada de esforço. Grandes movimentos. Leveza.
Nunca olhou para o lado. Nem notou que a voz do além saía de uma boca parecida com a sua.
Carregava um peso enorme. Sua força não tinha se acabado.
Não carrega mais. Parece um atleta que dança suavemente.
E não se cansa.
Estou ansiosa por amanhã. Se tudo der certo eu vou pirar o cabeção e domingo será dia de grandes relatos neste blog.
Já escreví neste mesmo blog que minha memória é minha salvação e minha perdição. Adoro me lembrar das coisas e às vezes detesto me lembrar das coisas. Não reclamo. Deve haver uma razão para isso.

Tuesday, April 10, 2007

Terça é o dia que entro em casa e sinto o cheiro do amaciante. Já foi segunda. Agora, é terça.
Cheiro de casa.
Cada dia que passa gosto mais das coisas de minha casa. Sinto o cheiro da casa. Sinto a casa.
Amaciante de roupa.
Menina com chapéu. Menina com cachecol. Menina com malha e menina com moleton.
Variações sobre o mesmo tema quando o frio começa a dar o ar de sua graça na antiga Cidade da Garoa.
E hoje - num tributo a Lost, eu na terapia - meus olhos estavam menos atentos e meus ouvidos mais dedicados. Tudo isso para me mover para fora. O que capturo com os olhos fica invariavelmente reverberando lá (ou aqui) dentro. O que ouço corre o risco, mesmo que por pura educação, de provocar uma palavra. E assim, mostro um pouco de mim.
A noite esteve especialmente agradável hoje. Assuntos e pessoas diferentes. Ambos interessantes.
Para completar, conhecidos amigos.

Monday, April 09, 2007

A batalha dos Ipods e afins. Rica.
Variedade. Groove Armada a Banda Vexame.
Filminho da cantoria de Total Eclipse of the Heart. Claro que um ou outro estava mais emocionado com a Bonnie Tyler mas todo mundo sabia cantar.
Bom gosto do último Ipod.
Sonhei com chuva.
Acordei com o lençol todo enroscado no pescoço. O cobertor cobria o corpo. As meias do lado direito da cama.
Minha mãe nunca gostou de dormir comigo. Os chutes.
Minha vó dizia que eu era agitada. As pernas não paravam.
Meu pai dizia que ficaria acordado até eu dormir. Provavelmente ficava acordado até eu acordar. Sempre as pernas.
Minha amiga de infância dizia que eu falava durante o sono. Nunca entendia o que era dito.
Já chorei dormindo. O sonho do menino-menina que usava gorro e que "matava o amor da minha vida". Meu irmão me acordou preocupado com o choro.
Para onde será que vou quando durmo? O que tem nesse lugar? Qual o significado do que trago de lá?
Confesso.
Sou do tipo que assistiu o 12º capítulo da 4ª temporada de L Word pedindo pela volta da Carmen.
Pior.
Fiquei com o coração partido vendo a Tina depois de tantas pisadas na bola.
Aguardo a 5ª temporada esperando pela beleza e pelo amor romântico de ficção.
O cinismo não me tomou por completo.

Sunday, April 08, 2007

Napoleão viveu com seus cem soldados
Napoleão comeu com seus cem soldados
Napoleão dormiu com seus cem soldados
Adorei!
Feriado de adjetivos, sorrisos e bacalhau. E a volta para casa no domingo de Páscoa teve direito a um Lindt extra creamy. Agrado bom!
Lances de suspense. Organização e correria. Gestos singelos de preocupação.
Trapalhadas. Risos e gargalhadas. Demonstrações de amizade.
Os estranhos amigos. Os estranhos. Os nem tão estranhos.
É pique, é pique, é pique. É hora, é hora, é hora. Rá tim bum.
Boa essa brincadeira de voltar a dormir fora de casa. Primeiro a casa que era estranha. Agora, tanto tempo depois e eu dormindo num flat.
O tempo virou e as idéias de nado se foram.
Agora, abro a janela e vejo a mistura de cinzas, azuis e laranjas comuns quando o tempo bom quer se firmar. Lindo.
O friozinho deixou as pessoas certas ainda mais charmosas.
Ó pai, ó.
Forma curiosa que o brasileiro encontra para fazer graça com a própria miséria.
Posto isso, começamos rindo bastante!

Thursday, April 05, 2007

Gosto muito de você leãozinho.
Mesmo. Obrigada pelo carinho da meia-noite.
Conhecí em enrolator melhor que o Tabajara. Quase no mesmo nível do Mr. B italiano. E com várias artimanhas, incluindo uma tal celulose parecida com plástico.

Wednesday, April 04, 2007

O que acontece do outro lado do mundo enquanto estou sentada aqui?
O que pode acontecer na sala ao lado enquanto você assiste tv tranquilamente?
Tudo.
Devemos praticar. Exercitar muito para que não ocorram surpresas do tamanho do universo. Tudo pode acontecer. Qualquer um pode fazer.
Dia do primeiro. Dia do amarelo do girassol. Dia do brilho nas duas esferas.
Seria dia de contrariar Galileu. Nem sempre o sol é o centro do mundo.
Condicional? Futuro do pretérito?
Não falar sobre algumas coisas parece eliminar a existência delas. Pelo menos por algum tempo. Só parecem.
Uma espécie de vírgula. Uma pausa que ninguém percebe quanto dura e o que se passa durante o intervalo.
E se hoje eu decidisse não usar minhas vírgulas e resolvesse mostrar o que se passa nos intervalos eu falaria de coisas belas e de coisas tristes. As coisas não ditas. Aquelas que parecem não existir.
Naquela casa se falava demais.
Amor. Problemas. Carinho. Política. Vida. Dinheiro.
Se falava de tudo. Quase sempre.
Havia dias de muito silêncio. Semanas até.
Quando o homem não estava mesmo estando lá.

Tuesday, April 03, 2007

Hoje encontrei com meu amigo pé de coelho.
Na verdade, meu segundo amigo pé de coelho.
Quando fui para Berkeley, antes mesmo de chegar lá, fiz um amigo pé de coelho. Encontrei-o, ou fui encontrada por ele, ainda no aeroporto de Los Angeles, 7 horas antes de nosso embarque atrasado para São Francisco. Ele tirou meu medo do desconhecido. E desconhecido durante a noite.
Depois desse dia ele me salvou várias vezes. A tristeza profunda por estar sozinha e longe de meus amores. O porre profundo depois de 12 doses de tequila. O ligamento do joelho torcido depois de uma barbeiragem de snowboard. Sempre ele, mesmo desequilibrado no meio da neve.
O segundo amigo pé de coelho apareceu anos mais tarde. Seu último palpite me fez chorar mas eu já estava chorando antes mesmo do palpite.
Hoje encontrei com ele. E fui lembrada da sorte que ele me traz.
Ando mesmo precisando de sorte. E de amigos que me dão sorte.

Sunday, April 01, 2007

O dia não acabou e como nos últimos tempos, ao invés de esperar deprimida pela música do Fantástico, vou para a rua. Um pouco de ar fresco e de convívio social depois de um dia de monólogos.
O Selton Melo além de muito fofo é realmente um ótimo ator. O Cheiro do Ralo é esquisito como o próprio nome mas vale muito a pena. Intriga um pouco procurar sentido naquilo tudo.
Agora, o mais intrigante como sempre é o que ocorre nos arredores. Senão, alguém me explique o que leva uma pessoa a escolher ficar grudada em você quando existem pelo menos mais cinquenta poltronas bem posicionadas e livres no cinema.
Hoje optei por permanecer em casa. Nada de almoço na mama.
Café da manhã, biquini, piscina e "Comportamento do Consumidor". Anotações, mergulhos e finalmente a inconveniência da vizinha-mãe-molenga e de seu rebento me cansaram.
Cozinhei para mim. E bem!
Depois da refeição me peguei rosada e contente no espelho.
Sonhei com alguém conhecido mas que não consigo me lembrar da identidade. O sentimento era tão bom que me deixou encafifada o dia todo.
Falamos das minhas mãos que foram tocadas e admiradas. Tão nítida a imagem das mãos.
Semáforos apagados. JK parada. Água e falta de educação em excesso.
Horas. Aventura. Árvore caída.
A vida do paulistano é realmente agitada. Inclusive daqueles que não são paulistanos de fato mas que optaram por adotar essa cidade.
Sim, pois o paralelo desse evento em minha cidade natal seria um pouco diferente.
O parque seria o posto 5. O frescobol com água mineral seria frescobol com mergulho e raspadinha. O receio dos raios seria o mesmo e me espantaria do mar que parece ficar mais quente durante a chuva. O congestionamento seria na faixa de trânsito em frente a Osvaldo Cruz e as horas de aventura seriam minutos pulando nas poças de água que se formam no quarteirão que separa a praia da casa da minha mãe.
Tudo muito mais calmo. Na verdade, calmo demais. Falta enredo.
Crianças, atletas de fim de semana, cachorros, estudantes em ensaio de bateria de escola de samba. Tudo no parque.
Nós e nosso frescobol na grama.
Um pouco de transpiração e de água mineral. Energia, endorfina e trovões. Muitos trovões e raios para todos os lados.
Depois de correria geral concluímos que nossas cabeças isoladas em um enorme gramado poderiam chamar a atenção da descarga elétrica. Resolvemos ir embora. Alegres e sem correria. Tomando a tempestade no rosto.
Sábado de muuuiiiiiito sol e calor. O paulistano que não foi à praia vai ao parque. Eu, que não sou paulistana mas que adoro esse ritmo, não fui à praia.
Ibirapuera escolhido seguimos pelo caminho mais curto entre o almoço tardio e o parque. JK. No momento de cruzar a República do Líbano vem o CET e fecha o cruzamento. Mesmo sem ser de nossa vontade, viramos para a direita para de novo virar a direita e a direita mais uma vez para então passarmos pelo cruzamento. Tudo como mandam as regras de trânsito. Diante do novo cruzamento vem o mesmo CET e tchumba. Cones e cruzamento fechado.
Disparada pela direita numa corrida contra o CET. Velocidade, conversão proibida e finalmente ganhamos o sentido que queríamos.