Wednesday, February 28, 2007

Eu me encantei pela descrição de Bentinho parado timidamente. Assim, num trecho de livro escolar. Somente 9 anos.
Acho que já postei isso em algum momento mas ao ler um trecho de Machado no qual Capitu e Bentinho se descobriam diante de um rabisco de amor feito em um muro velho, me apaixonei pelo tímido Bentinho.
Ao sair da escola mal podia conter minha ansiedade para pedir o presente a meu pai: Dom Casmurro.
Saí da infância e entrei na adolescência assim, me apaixonando pelos tímidos Bentinhos com quem cruzei.
Capitu só veio a mim na fase adulta!
Avenida Paulista. 16h37.Afasto a persiana horrível e vejo a repetição dos últimos dias.
Nuvens escuras e pessoas apressadas.
NYC. Duas horas antes de mim. Alguém repete meu gesto.
O que será que ela vê?
A Alameda Santos depois das 9h sempre pede uma marcha lenta. Na faixa mais a direita uma Kombi batida que um dia deve ter sido branca. Adesivo comum em veículos desse tipo.
Como estou dirigindo? Mal? FODA-SE, o carro é meu.
Senso de humor.

Tuesday, February 27, 2007

Antigos amigos combinando com novas pessoas.
Gostei da noite e da salada de gorgonzola com passas. Ressalva para a rúcula que era desnecessária.
Na onda das coisas que chegam ou que voltam, entrei no MSN enquanto aguardava o restabelecimento do servidor do Blogger. Em menos de um mês, me comunico pela segunda vez e por mais de uma hora com um velho diabinho dinamarquês.
Morando em Nova York, já com 25 anos, estudando psicologia depois de ter largado a administração e apaixonada por um homem de 39 anos. É nessa hora que ela lembra aquele ar sacana de outros tempos, dizendo que desde que me conheceu sabia que seu destino seria uma pessoa mais experiente do que ela. Claro que ela escreve isso com um daqueles ícones de piscadinha.
A conversa com uma pitadinha de pimenta me deixa levemente sorridente. A chance de constatar como o tempo é maravilhoso para aqueles que não o deixam passar em vão me deixa radiante.
Nada de Oscar, Big Brother, Semana do Tubarão ou coisas da tv. Não é com esforço algum que eu realmente não tenho assistido televisão.
E as pessoas, interessantes ou não, vêm chegando ou vêm voltando de algum lugar. Parece uma estranha conjunção ou até mesmo a retirada de uma espécie de película que estava revestindo os meus sentidos e que agora me deixa sentir de novo.

Saturday, February 24, 2007

MOMENTO DESCONTROL

Toda pessoa que morre merece um ritual de passagem. Na verdade, nem sempre a pessoa que morre merece um ritual, mas o que fica, sim.
Existe a presença da pessoa. A existência que se embaralha na existência do outro. E de repente, essa existência acaba e aquele emaranhado de coisas fica murcho e sem sentido. Sem sentido racional mesmo.
É a forma como o homem trabalha o luto, trata da sua dor e tenta seguir em frente depois de fazer algum ritual de rompimento. Velório, enterro, cremação, entrega de flores ou comidas em datas especiais e significativas.
Dia vinte e cinco de fevereiro de dois mil e sete. Três e quinze da manhã já sem o horário de verão.
Acabei de chegar da balada que estava indo muito bem e que terminou com o funeral de um ente querido. Como em todo ritual desse tipo, sobrou sentimentos estranhos, revoltas, descontroles e dor pela morte indubitável.
A morte é assim. Definitiva e dolorosa.
E quem morreu?
Uma pessoa especial que conhecí há quatro anos atrás. De fato, essa pessoa vinha morrendo aos poucos. Tantos acontecimentos, tantos desrespeitos que aquela pessoa especial foi se esvaindo e deixando no seu lugar uma caveira horrorosa. Me custava aceitar isso. Como uma energia tão boa podia ir se acabando e se transformando em tanta falta de caráter e de consideração?
Essas perguntas não vem mais ao caso porque hoje participei do funeral e como disse no início, a morte é inquestionável.
O funeral teve todas as pompas que uma ocasião como essa merece. Choro, revolta, violência, descontrole. Finalmente, pude me descontrolar e deixar fluir toda a raiva. Toda não. Mas foi um pouco e o resto que sobrou vai ser eliminado durante o luto.
E aqui jaz.
Esse blog começou com três e nunca teve pretensões políticas apesar do nome. Nós votamos sempre foi a expressão usada para afirmar o gosto por alguma coisa ou por alguém.
Eu continuo escrevendo aqui esporadicamente mas deixei de votar em coisas da vida por um bom tempo. Por que será?
Bem, a resposta dessa pergunta faz parte de outro fórum de debates que rola uma vez por semana com a minha terapeuta.
O importante é que o voto tem voltado aos poucos e sem ajuda química!
E eu voto nas amigas da amiga da amiga. As duas de ontem mereceram voto e referências. Só pelo prazer de votar.
E voto na balada de hoje.
A vida é muito superficial. Tudo parece um tanto quanto raso (menos o buraco do Metrô).
Cinco dias de trabalho intenso separados por horas necessárias de sono, alimentação, locomoção e atividades domésticas. Claro, a espera de dois dias de intervalo ou de feriados e suas emendas.
Falo com dezenas de pessoas ao longo de minhas várias horas no escritório. Convivo com elas diariamente. E não sei nada sobre ninguém porque eu nunca quis saber.
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A mulher que se senta duas mesas ao lado da minha já sofreu quatro abortos e é louca para ter filhos mas não consegue. Fiquei sabendo disso ontem e é claro que não foi através dela. Nunca pensei que ela tivesse passado por esse tipo de sofrimento. Na verdade, nunca pensei que ela fosse humana e tivesse sentimentos.
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O cara que faz parte da minha equipe e que se senta frente a frente comigo parece sem energia. Loiro e um pouco sem vida. Como se tivesse problemas sérios de tireóide ou de anemia profunda. Falo com ele o dia inteiro mas também não me lembro se ele é humano. Não sei do que ele gosta, para qual time torce, se ama ou se odeia alguém.
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Faço massagem três dias por semana. Fico praticamente nua e deixo que alguém cuide do meu corpo e da minha energia. A recepcionista do lugar usa um óculos de aro bem fino e vive com o cabelo castanho preso num rabo de cavalo. Tem um sorriso sempre doce. Essa semana, através da massagista, fiquei sabendo que ela perdeu um filho de dois anos, morto com câncer.
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Ontem eu fui para a rua.
Noite quente e estrelada. Cerveja ao ar livre. Amigos e não-amigos. Gente. Muita gente e muita distração para os cinco sentidos.
Pessoas bebendo e sorrindo ao meu redor. E, tirando as duas amigas de longa data, nada de pessoas de verdade. Parecia tudo um longo comercial de Bud. Talvez estivesse um pouco mais para Heineken.
Beleza, sorrisos, pequenas discussões de mentirinha, olhares, atitudes diferentes e só uma pessoa que deixou passar uma lasca de algum sentimento. O sentimento parecia ser de confusão mental ou talvez rejeição. Mas era um pouco de verdade sobre alguém. Ou não.

Wednesday, February 21, 2007

Depois de alguns dias sem tv e com prática intensiva dos exercícios de Tao, me sinto quase que como o Daniel Sam.
Vou me preparar para um saldo duplo carpado e quem sabe encontro a serenidade depois de duas décadas de prática.
Como pode caber tanta ansiedade em apenas um metro e sessenta de altura?
E nesse ano, mesmo que tardia, a escolha foi por viajar.
Nada de praia ou de festa. Mato, montanha, cachoeiras, cachorros e fogão à lenha. E o melhor de tudo, com a família de ex mas sem ex.
As caminhadas, os banhos de rio, as brincadeiras com a matilha de pastores e o bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro. Esse foi meu Carnaval. Finalmente, o brigadeiro de 2007.
Existem os apaixonados pelo Carnaval e aqueles que o odeiam de forma quase visceral.
Eu, como em vários outros casos, me enquadro na ala dos medíocres que não tem paixão suficiente para amar ou odiar a festa.
Simplesmente gosto do feriado. Seja para viajar ou para aproveitar a cidade deliciosamente vazia.

Thursday, February 15, 2007

Há dias não assisto TV. Não sei das novelas ou das manchetes do Jornal Nacional.
Contra a completa alienação, Internet.
E a retina que era preenchida com imagens de duas dimensões volta a ser exercitada. Meus olhos se abrem mais rápido pela manhã. O sono não termina mas o velho hábito de enxergar a vida nos pequenos detalhes e de criar as estórias de encontros casuais na calçada vem de mansinho.
Almoço como nos velhos tempos. As "crianças" almoçando juntas em dia de semana.
Claro que ao olhar para a criança maior, pude perceber os cabelos já grisalhos como os de seu pai. Mesmo assim ainda somos "as crianças" e ele ainda paga o meu almoço como bom irmão mais velho.
Nos tais velhos tempos não tínhamos a mais vaga idéia dos caminhos e das separações que viriam. Seríamos eternamente a dupla de frescobol no final da tarde e de Zé das Batidas nos momentos de descontração. Voltaríamos sempre para o mesmo endereço e para as mesmas companhias protetoras.
Ele comeu tudo e bebeu suco natural. Eu brinquei com a comida e tomei Coca. Ele foi fazer um exame de retina e eu voltei para o escritório com cores antigas na cabeça.

Tuesday, February 13, 2007

Comprei Betânia e Mutantes.
Já que vou refazer meu acervo de CDs, decidí começar em alto estilo.
Eu saí disposta a cumprir uma das três tarefas da semana mas a noite não ajudou.

Monday, February 12, 2007

Sou bem café com leite.
A primeira vez que tomei meio "e" estava bem acompanhada e tive sensações estranhas. No começo um certo medo e depois uma grande ternura, de um tamanho que não cabia em mim e que me fez chorar diante do objeto de tanto sentimento. Até hoje eu guardo essa sensação maravilhosa.
No sábado, depois de muito respirar e de praticar exercícios para deixar fluir a minha energia, de olhos fechados, encostei minhas mãos nas mãos de dois desconhecidos. Sentí algo muito próximo. Uma ternura estranha e comovente.
Tanto conhecimento.
Definitivamente, depois de meu brevíssimo contato com o Tao e com algumas informações sobre a medicina chinesa, concluí que o oriente deve ter muitas coisas capazes de me surpreender.

Thursday, February 08, 2007

Desliguei a tv e chorei. Dessa vez por uma boa razão.
Comendo meu pão de cará e terminando a leitura de um conto erótico, erguí a cabeça e ouví o apresentador descrever a morte de um menino de 6 anos. Arrastado por mais de 7 km numa fuga de carro.
Meu almoço de hoje rolou as 16h. Apesar da hora, foi bom. Com direito a restaurante vazio, onion rings e uma bela chuva na volta.

Depois de mais algumas horas de trabalho, o retorno. Junto com outras almas penadas que fazem parte do mesmo rebanho, parei na porta do prédio. Burburinho, cigarros e algumas corridas. Foi quando me dei conta da tolice de estar alí, me protengendo de nada que pudésse me fazer mal. Caminhei lentamente e fiz questão de levantar o rosto para sentir a chuva cair. Depois de um quarteirão, entrei sorridente no táxi.
Hoje, qualquer um que viva ou que esteja de passagem por São Paulo há de falar da chuva, do trânsito e do caos.
Eu não sou diferente.

Wednesday, February 07, 2007

Terra, terra. Descartes.
O primeiro impulso - sim, um impulso - foi pegar um papel e tentar escrever o que sentia. Logo percebeu que aquilo era um bilhete de suicício. Não havia tempo para aquilo.
Rasgou e começou de novo.
Agora sim. Uma lista com duas colunas: os prós e os contras. Letra legível, espaçamento adequado e uma indisfarçável assimetria entre as colunas.
Amassou e fez nova tentativa.
Racionalizar as coisas que lhe passavam na mente. Todas. Em voz alta, num monólogo metido a diálogo sem fim.
Calou-se. Respirou profundamente e deixou o corpo cair na cama.
A &*@@# da alergia voltou e não me dá tréguas. Essa noite, tive que lavar as narinas com soro duas vezes e ainda tive que apelar para o Polaramine.
Umas nuvens com um efeito levemente esfumaçado mas que não atrapalhavam a luminosidade da lua. A noite estava super estrelada na saída e permanecia linda na volta.

Tuesday, February 06, 2007

Ontem eu lí uma frase numa dessas revistas com nome de mulher... "assim como você usa um espelho para saber se o cabelo e a roupa estão bons, você precisa de um terapeuta ou amigo para lhe mostrar como seu interior está".
Nunca tinha pensado no papel do amigo ou do terapeuta dessa maneira.

Monday, February 05, 2007

O mundo vem girando muito rápido. Será que isso tem a ver com o Judas do momento, o tal aquecimento global? Não que eu tenha familiaridade com as ciências exatas além dos meus dois anos sofridos de engenharia mas acho que rola uma história de átomos mais agitados, calor e velocidade.

Besteira! Só estou exercitando a técnica de jogar a responsabilidade pelas coisas em outras pessoas, objetos, situações e fenômenos naturais. Mesmo que isso soe estúpido e impossível, parece funcionar bem em alguns casos.

Dois mil e seis acabou. Janeiro acabou e o Carnaval já está quase aí (e eu sem destino certo). Isso deve ter relação direta com a minha idade mas de fato a velocidade do tempo anda assustadora.

O problema é que eu passo as minhas horas numa grande caixa resfriada artificialmente. Por esse motivo, mesmo com o tempo voando lá fora e com os dias e meses terminando tão rapidamente, o expediente não acaba aqui dentro. Por que os arquitetos removeram as janelas dos escritórios, condenando-nos ao ar condicionado central e a lentidão das horas?
Lazanha com brócolis e filé prá lá de solado.
Pelamordedeus.
O período de férias acabou mesmo. Trânsito pela manhã. Fumaça. Alergia. Fila no restaurante. Comida horrível.
Preciso criar um material de apoio para a comemoração dos meus 10 Anos de Sapateado pelo mundo.

Já temos três eventos confirmados e vem mais por aí.

Mantenham as suas sapatilhas por perto e caprichem nos alongamentos.
O sol voltou.
O trânsito voltou mesmo.
A vista da Paulista com aquela nuvem que parece poluição pura também voltou.
Tudo volta ao seu devido lugar.

Sunday, February 04, 2007

Caminho aberto e bela paisagem.

Saturday, February 03, 2007

A Fernanda Young estava na baladinha de ontem e mais do que depressa eu pensei "não gosto dessa mulher".
No caminho de casa acabei me questionando sobre o porquê de julgamentos tão rápidos e tão vazios. Sou PhD nesse tipo de coisa. Mestre do preto e branco.
Acho que vou pintar o apartamento. Depois, quem sabe, o cabelo. Com a prática, talvez meu cérebro se acostume e eu consiga evoluir para as nuances, texturas e delicadezas que costumavam deixar a vida mais interessante.
O remédio da tampa azul está chegando ao fim e foi uma experiência maravilhosa passar o mês de janeiro sem dores generalizadas.
Que máquina estranha essa que se levanta da cama todos os dias junto comigo! De onde vem, ou no meu caso, onde foram parar essas substâncias que sempre afetaram meu temperamento e o pior, meu corpo? Sim, porque pelo histórico familiar a questão do temperamento já era sabida mas as tais dores pelo corpo não.

Thursday, February 01, 2007

Quinta-feira. 21h45.
Acabei de me lembrar que sempre fui uma pessoa muito crítica. Muito. Verdadeiramente, crítica.
Não que eu goste disso. Pelo contrário. Isso faz partes dos tópicos listados na temporada 2007 de Lost - eu, na terapia. Só que fatos são fatos assim como jogo é jogo e treino é treino!
E não é que me peguei toda conciliadora, evitando críticas, julgamentos e palavrões?