Thursday, June 17, 2004

Hoje, depois de um longo tempo, eu voltei a reparar nos detalhes do dia. A São Gualter cheia de folhas no chão, o sol tentando se firmar e a cabeça viajando nos outdoors, carros ao lado, pedestres.

Foi aí que me ocorreu que os velhos sempre me parecem distantes, como se eles não experimentassem as coisas comuns a vida. Como se eles não fizessem nada de interessante, não sentissem nada de curioso. Isso deve ter vindo da imagem dos meus pais. A idéia de que a vida deles se resumia ao papel de pais.

E veio um pensamento sobre o aniversário de minha mãe e sobre a data marcante: 60 anos! Muito tempo. Outro mundo. E é óbvio que uma pessoa desta idade deve ter muitas histórias. Foram algumas guerras, muitas modas, diferentes músicas e ídolos. Depois de perder pais,ganhar marido, quase perder o marido, ganhar filhos, perder filha, ganhar cabelos brancos, perder irmãos, ganhar alguns quilos extras, perder marido, ganhar uma filha lésbica (!). Eu fiquei até com medo das histórias que ela deve ter.

Fiquei com medo de fazer 60 anos. E de passar por tanto perde-e-ganha.

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