Sunday, December 09, 2012

O mundo acaba todo dia

Gosto de leite integral e manteiga Aviação. 
Entre as quatro estações o outono é minha favorita. 
Acho melhor afogamento do que carbonização.
Prefiro morrer de amor do que de raiva mesmo sabendo que a raiva já me deu forças para fazer coisas importantes enquanto o amor só me deu coragem de ser frágil.
Se o mundo acabar qualquer dia desses eu já terei escolhido a melhor forma de enfrentar a morte. Se ele não acabar eu terei encontrado a melhor forma de experimentar a vida.

Saturday, December 08, 2012

Detox

Agulhas, reiki, estímulo elétrico e um bom papo. Água, água e frutas. 
Tô pensando seriamente em institucionalizar o sábado como meu detox day já que as sessões de acupuntura tem surtido um bom efeito comprovado depois de uma semana ultra puxada.


Sunday, November 25, 2012

Hejira - Gypsy of the soul

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Saturday, November 24, 2012

Personalidade

Idealista com objetividade. Isso existe? Se sim, é o que eu sou. Se não, continuo uma alma deslocada na prateleira dos rótulos.
Acredito que as pessoas possam ser melhores e que a ganância individualista possa ser vencida.  Só não acredito que isso acontecerá apenas com a entoação de mantras. Não considero que praticar qualquer sorte de técnica oriental (ou não) que traga serenidade, mas que não te mova um milímetro na direção de se importar um pouco com outros seres humanos seja diferente de uma manifestação da ganância individualista. A única diferença é que pode-se adicionar o zen no final de ganância individualista.

Wednesday, November 14, 2012

Estranhamento

A felicidade vem de cada lugar estranho. Nessa madrugada ela resolveu vir de dentro de mim. 

Saturday, November 03, 2012

Estranhamento

Fim de semana prolongado em casa. Feriado com chuva e frio. Cineminha que não deu certo por conta da fila enorme.
Tudo que não parece certo, tudo que eu chamaria de ruim acontecendo e eu não sinto dessa maneira. Ficar em casa soa como a melhor opção já que é preciso "trabalhar" no novo lar cuja chave finalmente é minha. A chuva e o friozinho parecem vir de um sonho bom depois dos três dias de insônia decorrentes do cozimento no meu quarto. A fila fez seu papel de repelente e me levou a um lento e delicioso jantar japonês. 
Tudo muito estranho porque não sou Poliana e o comum seria eu me sentir desfavorecida pela sorte, mas sem grandes esforços eu me sinto bem e serena.
Tudo muito estranho porque a vida parece que voltou ao normal com reações na exata proporção dos acontecimentos. Nada de hipersensibilidade. 
Que belo e estranho dia para se ter alegria.

Monday, October 22, 2012

Heróis

Estou lendo Gandhi - Ambição Nua de Jad Adams.
Sempre desconfio de um herói se ele não for o Wolverine ou meu pai. Churchill, Guevara, Morrison e todos os outros que me vem a mente foram incríveis em uma área e desprezíveis ou mesquinhos em tantas outras. 
Quando sou muito boa com os outros não consigo ser tão bacana comigo. Quando me trato muito bem, acabo relegando um tratamento de segunda classe a minha mãe, por exemplo.
Gandhi não foi diferente. Teve aspectos sinistros e inclusive hipócritas em sua vida. 
Só que Gandhi foi diferente. Terrível para alguns como seus familiares e transformador para outros como milhares de estranhos que nunca cruzaram seu caminho.
Se eu comparar o heroísmo de Gandhi ao do Wolverine ou ao de meu pai ele sairá muito arranhado dessa segunda biografia que leio. Se eu olhar para ele como um homem lutando contra seus próprios demônios me sentirei uma mulher mais normal, humana do tutano até o último fio de cabelo. E talvez eu realize algo bom.
As eleições municipais se aproximam de seu fim em São Paulo. E parece que os pobres paulistanos assim como seus pobres compatriotas brasileiros continuam procurando por um herói que irá salvá-los. Assim ninguém além desse herói será responsável por realizar algo de bom.

Tuesday, October 16, 2012

Vidinha

Bebês carregam todas as possibilidades e esperanças do mundo. 
Como coisinhas tão pequenas que produzem tão pouco podem encher uma vida de sentido? E como eles podem mudar tanto ao se tornarem adultos?
Coração quentinho por conta de um nanico e vontade de assistir Benjamin Button de novo.

Saturday, October 13, 2012

Rinite

Frio e garoa na cidade dos extremos. 
Alguns diriam que é um "belo" feriado prolongado, mas não sinto vontade de reclamar do clima. Pra falar bem a verdade, os dias de folga estão sendo bons mesmo com frio, chuva e alguma melancolia.
O calor me amolece e passo o dia inteiro como que no processo digestivo. Quase todo o sangue do corpo é deslocado para uma função e o resto do sistema vai pro modo slow motion.
No frio fico mais alerta, mais presente. A pele percebe coisas, o paladar não é afetado por uma preguiça monstro e pensando nisso enquanto comia um delicioso chocolate belga eu constatei que meu olfato se tornou uma porcaria. 
Já tive um faro de perdigueiro chegando ao ponto de acordar de uma noite de sono por conta de um cheiro estranho. Hoje vivo dias inteiros quase sem sentir os diferentes aromas que inundam a cidade de São Paulo. Sou capaz de entrar no escritório, sofrer uma crise de tosse que me indica claramente haver algo de errado no ar, mas não perceber o cheiro de cachorro molhado do qual todos os meus colegas reclamam. Parece bobagem e foi assim que eu tratei a questão até hoje, mas não é.
Decidi que quero cheiro na minha vida. 

Saturday, September 29, 2012

Limitação

Lamento muito quando sinto minha percepção mais limitada do que o costumeiro. Sei que os sentidos pregam peças, mas também sei que tudo se parece com nada sem eles por perto. De qualquer forma, ainda bem que o dia de hoje ou a semana que chega ao fim não é um período de xilocaína.
Tenho visto amarelo e lavanda em flores metidas que insistem em enfrentar a agressividade de São Paulo. Ouvi coisas lindas e buzinas horrorosas. Passei frio na rua, passei frio embaixo do chuveiro pifado e me senti confortável com meus sapatos de lã. Conheci um bom brigadeiro e experimentei o melhor bloody mary de todos os tempos. Dormi daquela forma que quase nos tira a vontade de abrir os olhos. E sonhei. Sonhei com lugares lindos, sonhei com lugares da infância e recebi o conselho de meu pai.
Em tempos como esses sinto que posso ser o mundo mesmo que o mundo seja uma droga.

Tuesday, September 25, 2012

Uma faixa de vida verde ao lado de cada margem. Nada de aromas no ar.
Dois rios límpidos seriam lindos presentes para São Paulo.

Monday, September 24, 2012

Lista

Superstição achar que o mundo acabará no dia 21 de dezembro de 2012. Presunção achar que não há risco dele acabar a qualquer momento.
Ele pode acabar. A vida na Terra pode acabar. Minha vida na Terra pode acabar.
O Discovery venceu. Penso agora em como eu gostaria de esperar pelo fim do mundo.
Queria me cercar de coisas boas e aproveitar as últimas horas.
Pão crocante com manteiga bem amarela. Chocolate do Padre bem gelado. Pastel sequinho. Caipirinha de seriguela. Arroz com passas. Banana frita. Batata doce. Chuva de verão. Massagem nos pés. Minha Brisa. O duplo do Queen em Wembley. Cheiro de benjoim e de lavanda. Peito de frango assado. Pé no mar. Pé na grama. Sorvete napolitano.
Queria me cercar de pessoas boas e aproveitar as últimas coisas.

Ou

Um era coração e o outro era força.
Os olhos que cresceram em mim sempre enxergaram o sentimento como mais elevado, mais perto do divino. Ideal.
O coração virou cinzas. A força chegou ontem a noite de 5 dias em Campos do Jordão e vai ao baile duas vezes por semana com os companheiros de teatro ou do grupo da terceira idade.
Dei asas ao coração e tive vergonha da potência. Escondi a força em algum lugar que não me lembro mais. 
Não pretendo virar cinzas nas próximas luas. A força será achada. O mundo que esteja pronto. Seu tiver vontade de chutar eu o farei com muita força.


Saturday, September 22, 2012

Sem título

Creio que pela primeira vez na vida, hoje, eu desejei viajar para a África. Entre tanta natureza disponível naquele continente, eu queria ver um bando de suricatos de pertinho.
Gosto de querer coisas pela primeira vez. Não é uma situação comum já que sou terra com ascendente terra. Apesar de não saber bem o que isso significa, parece que é um desculpa astral para dizer que sou mesmo uma pessoa de hábitos.
É um meio chato, mas costumo gostar das coisas aos poucos e somente depois de um tempo, profundamente. Profundamente.

Friday, September 14, 2012

Medo

Talvez o medo seja o grande responsável por termos chegado até aqui. Sim, se o homem não fosse um covarde nato a história da evolução poderia ter sido outra e hoje o mundo teria uma outra espécie no topo da cadeia.
O medo que dispara uma sequência de mecanismos no nosso corpo que acabam por liberar adrenalina que nos leva a fuga ou a luta.

Thursday, September 13, 2012

Tem dia

Tem dia que eu quero pensar direito. Em outros, quero pensar rápido. No fim, durante a maior parte do tempo, quero parar de pensar.
O x da questão, a raiz do problema, a causa da consequência parece ser o querer ao invés do pensar.

Friday, July 27, 2012

Lição no Mobral

Infelizmente, há no mundo uma categoria de pessoa para quem a vida pode dar um milhão de chances de aprender sem que ele consiga evoluir sequer um centímetro. É triste, é chato, mas "malice" tem limites.

Monday, July 09, 2012

Vidas por ai

Meia hora sentada numa padaria e aquele monte de vidas lá, pulsando, doidas pra serem descobertas. Todo mundo tem pelo menos uma boa história na sua vida que mereça ser contada. Mais que isso que mereça ser ouvida.
Eu adoro pegar o que os olhos veem e o que os ouvidos captam para completar com um monte de bobagens minhas que acredito serem o recheio das lacunas do mundo. Um certo orgulho me invade quando percebo que acertei, uma ligeira felicidade me anima quando percebo que errei feio e uma frustração me acompanha por alguns quarteirões quando saio das padarias da vida sem saber se fiz um bom recheio ou só uma papa grudenta e sem graça.
Eu quero ouvir todas as histórias e estórias do mundo.

Sunday, July 01, 2012

Novo

Amigo novo é bom.
Carro novo é bom.
Notebook novo é bom. 
Beijo novo é bom.
Sapato novo não é bom.
Sapato novo machuca.
Tênis novo é bom.
Tênis nunca machuca.

Sunday, June 24, 2012

Amarelar é amadurecer?

O dia em que claramente você percebe que está com muita raiva de você mesma e de mais ninguém é estranho. Dai, bem devagar, você começa a desdobrar os motivos pra tanta raiva e eles surgem com a facilidade de quem simplesmente abre os olhos para ver.
Amadurecer é isso? Ver objetivamente as merdas que a gente faz e como elas emperram nossa vida?
Cansei do apego. Eu tô errada mesmo! Admito e decido que vou me vencer.

Saturday, June 09, 2012

Vida simples

Isso não tem nada a ver com a revista mensal da Abril. Isso é este post.
Vida simples é só a aspiração do dia, da semana ou do tempo que me separa de outra aspiração. Vida simples é preto ou branco, direita ou esquerda, sim ou não. Os estatísticos diriam que vida simples é discreta.
Vida simples não é contínua e com isso os estatísticos concordariam. Vida simples não é talvez e nela não cabem tons de cinza.
Vida simples é querer comer pão francês e comê-lo, é sentir saudade de alguém, ligar e matar a saudade. Vida simples é não gostar de alguém e poder manter a distância. Vida simples é não haver constragimento com o silêncio entre duas pessoas. Vida simples é existir sem fingimento, sem cenas, sem pose.

Monday, June 04, 2012

Segunda

Achei que a tal virose que me derrubou na semana passada era epidêmica, mas pelo visto os bichinhos responsáveis por ela não foram as únicas pragas soltas no mundo para aporrinhar a vida alheia. 
O mundo segue embaralhado mesmo depois de eu começar a usar óculos.

Tuesday, April 17, 2012

Insensato querer

Hoje eu queria flores. Não os girassóis amarelos ou as gérberas alaranjadas. Queria mesmo as tulipas frescas e multi coloridas para encher uma sala inteira de vida.
Hoje eu queria o céu mais azul que já apareceu na Terra.
Hoje eu queria o perfume mais delicado que minhas narinas já provaram vindo do cangote mais promissor que meus olhos já cobiçaram.
Hoje eu queria um pão recém saído do forno, crocante e macio, pedindo pelo tempero suave do sal no azeite. E uma lasca de um bom queijo duro.
Hoje eu queria repetir a dose e sentir que eu sou capaz de explodir de plenitude, de felicidade.

Monday, April 16, 2012

Out of the office

Larguei o escritório antigo onde ficavam a minha cama, minha cachorra, meu wi-fi, minha tv, meu Itunes, meu chinelo, meu pijama e meu chuveiro, ou seja, todos os elementos e ferramentas fundamentais para se trabalhar bem.
Passei o dia com saudade. Saudade do 3G que a TIM não consegue entregar no Itaim, saudade das horas de sono que deixei escapar no fim de semana e saudade daquilo que eu nem devia mais lembrar.
Estou reclamando? De modo algum. É só saudade mesmo.

Friday, April 13, 2012

STF

Depois do STF decidir se uma mulher pode interromper a gestação de um bebê anencéfalo eu acho que eles estão prontos para votar um tema mais delicado e importante: se masturbar pensando em alguém que não autorizou seu uso de imagem é legal?



Thursday, April 12, 2012

Tomorrow has to wait

Olhei no relógio e vi o amanhã se afastando de novo.


Waldemar, a musa perfeita

Ovo ou a galinha

Uma adulta disfuncional no meio de pessoas bem resolvidas ou exatamente o oposto? Vai saber.
Ultimamente é assim, eu sinto receio de seguir minhas reações naturais e ser gratuitamente gentil com as pessoas.
Lamento profundamente, mas para prejuízo meu faltei na aula da malícia. 
Não me ofereço mais para pegar a cerveja para uma outra pessoa. Não me custava nada já que o balcão era meu destino, mas existe um código secreto nesse gesto. Também não faço mais elogios porque tem sempre uma mensagem escondida neles e não fui eu que a criei. Enfim, por receio de disparar um gatilho que não vejo, deixo de ser natural. Parece que gentileza é algum tipo de ardil da sedução e por isso vou usá-la em doses homeopáticas só com a dúzia de amigos que bem me conhecem ou quando eu realmente estiver interessada em alguém. Coisa estranha.

Tuesday, April 10, 2012

Teoria dos cones

Tenho uma teoria que envolve cones laranja e vampiros que brilham na luz.
Se ninguém mais notou eu digo: a cidade de São Paulo está sendo tomada por objetos enormes, cilíndricos, de cor laranja forte e que aparecem em grande número quando o sol se põe. Perto da meia noite a cidade costuma ser deles em pontos como avenida do Estado, radial, 23 de Maio, Rebouças e Cidade Jardim só para citar alguns lugares. 
Eu não sei o que fizeram com as conhecidas peças com listras pretas e amarelas com formato de cone (ou de temaki se você não souber como um cone realmente é). Eles sumiram quase que por um milagre e em seus lugares surgiram essas coisas novas com cor de Fanta.
Claro que alguém mais inocente pode supor se tratar de mais um golpe aos cofres públicos arquitetado por algum burocrata da Prefeitura, mas eu sei que existe um segredo sombrio (ou brilhante) por trás desses cones.

Wednesday, April 04, 2012

Nível

Coca-Cola, Fandangos e Hora Acme no Cartoon Network: porque uma pessoa precisa manter o nível mesmo em momentos de crise como a terceira noite seguida penando com insônia.

Tuesday, April 03, 2012

Rumo ao sul

Acho que Nunca Mais fica no extremo sul de qualquer lugar sobre a Terra, perto de Era Uma Vez. Não pude visitar esses lugares, mas meu senso de direção aponta para lá como uma bússola ao contrário.
Morrer é nunca mais e que poder restaurador possui Nunca Mais!
Em alguns casos sucede assim de sopetão, mas na maioria das vezes é aos poucos que as coisas se acomodam de outra forma. Areia que escorre na ampulheta. Quando olhamos de novo para um ponto de nossa lembrança ele se deslocou três milímetros para o sul. Mais areia mais milímetros. Sem alarde o tal ponto se posta a um quilômetro de distância num lugar onde nunca esteve antes, mas que lhe pertence em tempos de Nunca Mais.
Sem saber ao certo das coordenadas eu palpito que toda pessoa deveria visitar Nunca Mais pelo menos uma vez antes de se mudar de vez. Caso de ambientação pra quem fica e de oportunidade pra quem vai. 
Quem sabe a sorte não lhe sorri revelando o caminho de Era Uma Vez no percurso da viagem?

Thursday, March 22, 2012

Aulas de geografia

O português Fernando Jorge foi um rígido professor de geografia que me deu aulas entre a quinta e a sexta séries. Fumante de cachimbos, ele mostrava seu vício nas excursões impecáveis em que nos guiava pelos fortes militares de Santos e Guarujá.
Aquele professor de geografia acreditava na repetição. Como trabalho semanal exigia que reproduzíssimos textos que estavam no livro para folhas de papel com caligrafia de próprio punho.   Nos fazer copiar mapas em papel vegetal e avaliar se as cores usadas eram próximas da impressão no livro quase era o seu ponto alto. Digo quase porque certamente o ponto alto de seu método eram as provas escritas e orais. 
As provas do professor Fernando eram famosas nos corredores do Colégio. Nenhum aluno ousava fazer um barulhinho sequer que pudesse incomodar o professor no seu momento de glória. Para os dois únicos desavisados dos quais tive notícias de tentarem fazê-lo, exclusão da sala e prova oral. Isso garantia o silêncio entre as turmas.
O professor que fumava cachimbo tinha um monte de manias. Talvez hoje ele seja um feliz paciente com TOC. Uma delas era usar os textos das legendas e das notas de autor ou editor como questão de prova. O livro mostrava uma foto da tundra e logo abaixo havia uma pequena legenda dizendo que a vegetação de líquens predominava na Sibéria, suposto local da foto. Pronto. Isso bastava e era possível que na prova seguinte nos deparássemos com a mesma foto do livro pedindo para que listássemos qual era o local e a vegetação típica do mesmo.
Depois de conhecer o truque do português eu me esmerava na revisão de fotos e legendas. Mesmo assim, algumas vezes sem sucesso, me peguei olhando a foto da prova e depois cerrando os olhos para ver mentalmente o que estava escrito na legenda. Eu sabia que tinha visto a foto, lido a legenda e tinha um incômodo traço na memória. Eu cerrava os olhos novamente, colocava a mão na testa, mas o que eu tinha era só uma memória de ter visto algo, mas não a pintura nítida de ter observado e capturado a essência daquilo.
Memória da memória.
Ontem eu tive que cerrar os olhos pra me lembrar de onde vinha uma sensação. O truque dessa vez é que se eu fizésse isso me lembraria imediatamente. Sei que não é um conteúdo decorado e por isso mantive os olhos abertos.

Tuesday, March 20, 2012

Quando a terça parece uma segunda

Quando a terça se parece com uma segunda poderia ser sinal de uma semana mais curta. O problema é quando a terça que se parece com uma segunda é precedida de uma segunda totalmente com ares de segunda. Daí, certamente teremos o problema de viver uma semana muito longa.
Pode ser que o tamanho da semana não seja problema para outras pessoas, mas estou sem energia e o tamanho de quase tudo me traz algum desconforto. Minhas pernas pequenas só me permitem passos curtos, mas agora os faço curtos e propositalmente lentos como quem controla alguma coisa nessa vida. Respiro leve e superficialmente, fugindo de suspiros e inspirações profundas que possam inadvertidamente encostar em alguma emoção acomodada.
Pisco rápido e mastigo muito.

Friday, March 16, 2012

Tudo zoneado

Peculiar é como eu posso classificar esta sexta-feira. Se por um lado eu fiz contatos que me animaram, por outro lado alguns vírus fizeram contato comigo e me derrubaram.
Batalha tensa entre minha tropa de linfócitos T e os invasores que se alojaram na minha garganta.  Entre mortos e feridos restou dor e um pouco de febre que me impediram de ir ao show do The Naked and Famous. Pra completar o quadro de Vick, os cochilos do fim da tarde bagunçaram meu fuso e parece que vou seguir acordada pela madrugada.
Quero ler, mas meus olhos ardem. Quero dormir, mas o corpo está incomodado com qualquer posição. Quero minha mãe, mas ela está em Santa Catarina.

Wednesday, March 14, 2012

O homem sem cabeça - segunda parte

Gostei da escolha final para o encontro.

O homem sem cabeça - primeira parte

Achei bem bonitinho.

Monday, March 12, 2012

Cara de personagem

Eles gastaram a tarde assim me olhando.
Já eu passei a tarde tentando me lembrar com quem eles se parecem.
Acho que é com um personagem de Carros, mas não tenho certeza.

Wednesday, March 07, 2012

Carta aberta

Cara Nossa Senhora do Só Mais Uma Coisa, respeitosamente me dirijo a Senhora que é padroeira dos pasteleiros, garçons e publicitários pedindo um pouco mais de rigor no seu trabalho. Sei que cada santo trabalha com a sua própria carga de pressão e nem gosto de ficar comparando muito o trabalho ai no seu plano, mas veja como alguns de seus colegas fazem jogo duro pra atender os pedidos que recebem. 
Nossa Senhora Desatadora de Nós não aceita pedidos que já não tenham passado por pelo menos um outro colega sem resultado. Ela não trabalha em primeira instância e não adianta mimimi. Santo Antonio pede novena e às vezes só traz um noivo meia boca depois de tortura em copo de água. São Judas Tadeu aceita pedidos em dia certo e com promessa de distribuição de santinhos.
Longe de mim querer dizer como a Senhora tem que trabalhar, mas basta o zé mané chegar pra Senhora e falar "ah só mais uma coisa, eu pedi e até aprovei a namorada loira com 1,70m, mas meu plano de vida mudou e agora quero um moreno de 1,80m" que a Senhora diz que vai entregar e no prazo esperado.
Mui respeitosamente, amém.

Tuesday, March 06, 2012

Cotidiano

Se pela manhã os acontecimentos corriqueiros me mostraram que a vida é assim cheia de beleza e destruição gratuitos, a tarde me mostra que a vida também é assim cheia de versões paraguaias que atendem por nomes próprios e caminham sobre duas pernas.
O laranja é o novo preto? Então, gosto de laranja. Criolo é o novo Chico? Sou fã número um. Meu melhor amigo dessa estação disse que a nova novela das seis é cult? Não vejo a hora da Malhação acabar.
A questão é que eu gosto de preto, acho o Chico uma merda de cantor e gostava mesmo era da novela das seis que acabou. Meu melhor amigo dessa estação já ocupa o posto há muitos carnavais e sabe que eu gosto do que gosto, mesmo que não seja moda, mesmo que não seja cool, mesmo que seja besta. E ele sabe que não gosto do que não gosto, mesmo que seja a última febre em Londres, mesmo que seja recomendação daquele cara que tem um milhão de seguidores no Twitter ou que seja dica daquela menina que falou do Pinterest antes de todo mundo. Foda-se!
Eu absorvo o mundo com meus sentidos. Recebo influências a todo instante, graças a Deus, mas o resultado final vem do meu senso crítico e não da preocupação constante em ser tão bacana como os novos bacanas que andam comigo.

Vida que segue

A luz natural abundante era o acessório de hoje de uma linda borboleta laranja. Nas bordas de suas asas a moldura branca realçava sua cor de Fanta.
Com a graça que cabe as criaturas lindas e delicadas ela capturou minha atenção, mas não foi apenas isso que ela tomou de assalto. A Brisa também ficou de quatro por ela. Menos pelas cores e mais pelo simples fato de voar. A Brisa adora coisas que voam.
E do encontro de Brisa com a graciosa borboleta colorida restou um par de asas sem movimento, estendido no chão. A borboleta já não era e a Brisa...bem, a Brisa me olhava com espanto depois de ouvir meu grito de não.

Saturday, March 03, 2012

Orgulho e preconceito

Comecei a escrever mais uma estóriazinha desprentensiosa como o diminutivo já bem sugere. Seria (ou é) algo sobre dois super heróis com super poderes distintos. Num dado parágrafo da vida, por uma eventualidade, um dos super heróis se depara com a necessidade real porém corriqueira de pegar emprestado o super poder do seu colega. 
A escrita estava fluindo com ritmo até alcançar esse ponto e dele não consigo sair. Já voltei e mudei o gênero da dupla, mas isso não me fez caminhar pra frente. Retrocedi novamente e mudei os super poderes dos dois. Também não houve avanço.
Tá amarrado e não posso contar com a ajuda de nenhum pastor. 
Não que exista um dilema entre os dois personagens. Não há. O nó é meu. Pré julguei que nenhum herói emprestaria aquilo que lhe distingue sem um motivo proporcional ao seu heroísmo e esse não era o caso. Para justificar o empréstimo sem heroísmo eu pensei em desapego. Mudei o super poder de um deles porque baseada em outro preconceito, estabeleci que um sujeito que aceita ser chamado de "super" alguma coisa não poderia ser desapegado. Continuou não dando "liga" e pensei num segundo motivo para justificar o empréstimo de sua força, de seu poder sem atos heróicos - o amor. Sim, o amor poderia justificar o empréstimo e mudei o gênero de um herói porque era mais fácil atender o convencional já que a estória estava complicada por demais. Mudando de gênero o credor dos poderes parecia um herói salvando sua donzela. Troquei o credor e a heroína parecia uma Helena do Manoel Carlos.
Como os personagens dessa estória não me ajudam, estou num embate pessoal contra meus preconceitos para ver surgir um herói desapegado de seu ego. Quando pareço progredir, me deparo com um herói atormentado pela devolução de seus poderes, por saber que o outro já esteve no seu lugar e foi tão especial quanto ele próprio fazendo escorrer pelo ralo a sensação dele ser único e por isso especial.

Wednesday, February 29, 2012

Loucura

No meio dos meus pensamentos eu me perco às vezes e acabo concluindo que sou desequilibrada ou como é mais corriqueiro dizer, sou louca.
Ser humano egocêntrico.
A grande verdade é que não sou tão especial assim em termos de loucura. A vida me apresenta uns personagens muito mais insanos do que eu. Gente com transtorno grave de personalidade com ciclos que podem durar minutos ou anos. 
É sério mesmo. 
Aquela pessoa que te conta um drama de proporções épicas num minuto e que horas depois não se lembra do que falou e ri histéricamente quando te mostra uma foto de celebridades no Carnaval. Alguém que te chama pra perto e que depois te afasta meio que surpreso por estar ao lado de uma desconhecida de anos que no caso sou eu. Gente que gosta de acumular coisas e pessoas que parecem coisas mesmo não tendo espaço ou utilidade para nenhuma das duas coisas.
Na linguagem cotidiana loucura atua como sinônino de várias palavras. 

Monday, February 27, 2012

O terceiro foi aquele que a Tereza deu a mão

O sono da madrugada anterior me fazia tanta falta que larguei o Skype e a TNT deixando o Oscar pra outras pessoas que não precisassem tanto dormir como eu.
Eu precisava dormir. E dormi. Muito bem, obrigada.
Sonhei com um quarto novo e com a chegada de três meninas que conheço de fato. Elas vinham de algum acontecimento numa praia e estavam cansadas. 
A primeira que é com quem eu menos tenho intimidade tinha o cabelo preso no alto, usava um moleton preto e sentou-se exausta no chão ao lado da minha cama.
A segunda que é justamente a que eu tenho amizade usava camiseta branca e sentou ao pé de mim, na beira da cama.
A terceira que eu acho muito simpática também usava camiseta branca. Ela decidiu deitar-se ao meu lado e assim o fez, se protegendo com o edredon que me cobria. Como ela insistia em ficar muito próxima de mim eu levantei e apanhei um moleton cinza no armário. Ele tinha capuz e eu levei pra ela dizendo que sabia que ela sentia frio. Recebi um sorriso de volta e ajudei-a a se vestir
Deitei de novo e de novo recebi um abraço de concha. 

Friday, February 24, 2012

A noite passada eu não sonhei com você. Na verdade, tive pesadelos.
Detesto vitamina de mamão com linhaça. Eu gosto é de Coca Cola normal com muito gelo, por favor.
Hoje o Skype e o celular não param. Tudo que eu queria era ficar quietinha e me perder no fantástico mundo de Bob.



Thursday, February 23, 2012

"A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero"

Eu vi a imagem de alguém desesperado. Fiquei profundamente tocada. 
Quis ajudar. Procurei em mim alguma coisa que pudesse ser dada assim como procuramos por uma distração ao ver um bebê chorar. Só tinha a roupa no corpo e não me ocorreu como qualquer uma das peças melhoraria aquela situação. Cogitei falar algo que desse alento, mas tudo soava estupidamente estéril. Me envergonhei e não tive coragem de falar do tempo, dos ciclos da vida ou da grandeza de possibilidades que a energia do mundo carrega. Para cada pensamento apressado e salvador que eu tinha havia um olhar repleto de uma verdade dolorida que me calava.
Eu vi os olhos de alguém sem esperança. Alguém que não buscava palavras. Alguém louco por um fato, um brilho, um símbolo de tempos melhores.
Fechei os meus olhos. Acho que por medo. Rezei em silêncio, mas não sei por quem.


* Victor Hugo é o motivo das aspas no título

Record Club

Eu curto o projeto e tudo, mas quem me pegou pelo...ah, estômago vai, foi essa versão. 
Coisa mais sexy.


Você tem medo de quê?

Muitos anos atrás meu pai teve um AVC. Estranhei ver o meu irmão na porta do curso de inglês, mas não desconfiei na hora. Ele foi cuidadoso e só quando estávamos perto do hospital é que ele me avisou que teríamos que fazer uma parada rápida porque nosso pai tinha passado um pouco mal e estava internado por conta do tal derrame.
Meu grande medo era ver meu pai sem sua lucidez, seu pensamento extremamente veloz, sem uma de suas duas super qualidades, a inteligência que disputava arduamente com sua generosidade.
Acho que eu quase corria pelos corredores e quando o vi deitado no meio de enfermeiros e aparelhos tive vontade instantânea de chorar. Me aproximei e ele estava fazendo uma conta em voz alta. Somando, dividindo e passando o resultado certo para a enfermeira. Eu sorri chorando
Eu tinha medo de ver a inteligência do meu pai presa num corpo que não soubesse expressá-la.
Meu pai já partiu. Outros medos ficaram por aqui.



Wednesday, February 22, 2012

Oh quanto riso

Noite de terça na Track Towers me lembrando que eu já gostei muito de pular Carnaval. Mais um pouquinho e eu lembraria que já gostei muito de outras coisas também.

Friday, February 17, 2012

Pra quem pode ou precisa escapar


By Matthew Kavan Brooks

O saco de pipoca doce

Praia, praia e mais praia. Um chapéu de sol no comecinho da vida, fino e com duas únicas folhas verdes para fazer alguma sombra. Eu olhando, olhando e olhando sem saber o que procurar. Certamente não procurava a camiseta ou a parte de cima do biquini já que andava com o shortinho do pijama e peitos al aire sem muita preocupação. Não que não houvesse nenhuma preocupação. Havia, tanto que eu carregava dois sacos de pipoca doce, daquele tipo pink que são vendidos em botecos, para proteger os peitos, mas era algo quase despreocupado.
Perto de casa a areia era muito branca e o mar estava à minha direita. Meus braços iam ao longo do corpo, mas ainda carregavam os dois sacos de pipoca doce. Parecia luz da manhã e eu via barcos ancorados. No meio deles havia um movimento rápido e parei para apurar os olhos. Era um iate grande e rosa que quase voava perto da linha do horizonte. Não era pink como os sacos de pipoca, mas era rosa. Um rosa queimado se é que essa cor existe. Olhei e não vi nenhuma menção a Sula Miranda. Acordei.

Thursday, February 16, 2012

A favorita

Essa ganhou (como seu houvesse um campeonato secreto entre as faixas de cada álbum).


Na padaria e na lua

Eu precisava de um abrigo para entrar no Skype e falar com o pessoal da agência tranquilamente. Ademais, depois da consulta médica e antes do jogo, sentar na padaria me parecia melhor opção do que voltar pra casa.
Estava na região e escolhi a Bella Paulista. Pra que fique claro qualquer viés que surja nas próximas palavras, eu adoro pão. Certamente, esse é o motivo para não gostar da famosa padaria que fica na Haddock Lobo. Ela é grande, bem iluminada, cheia de opções, fica aberta na madrugada, mas seu pão francês é uma porcaria. Simples assim, o pão nosso de cada dia feito naqueles fornos é uma lástima e afirmo isso sem remorso algum depois de ter tentado mais de 10 vezes, todas sem sucesso. Acho que era o caso de trocar o nome de padaria pra lanchonete e minha simpatia por eles mudaria completamente.
Sentei numa mesa do salão próxima da janela e do buffet de sopas. Dei mais uma chance para o pão francês com manteiga, fora da chapa, mas não vou me repetir nesse assunto. Fui atendida por um rapaz simpático que usava óculos com  uma dessas armações marcantes. Ele tentava trabalhar com eficiência, mas perdia a concentração à medida que olhava as mesas cheias de personagens interessantes ou não. Imaginei que era um sonhador e que teria milhares de estórias pra me contar.

Tuesday, February 14, 2012

Feliz aniversário

Hoje foi o aniversário da minha melhor amiga de infância. 
Estudamos juntas da segunda até a oitava série quando ela mudou de escola. Frequentávamos o mesmo clube, íamos na matinê todo domingo e no auge da nossa adolescência eu topava andar da posto 5 ao posto 2 para ela ver o paquera na praia. 
Vim para São Paulo fazer faculdade, ela se casou com um ex ficante meu e nos perdemos daquele tempo de unha e carne. O lado bom de ter memória é lembrar de histórias tão antigas e ainda guardar com carinho uma data de aniversário de uma pessoa que não vejo há anos.

Monday, February 13, 2012

CéU

Confesso que eu curto essa coisinha de bolero. 
O novo trabalho da CéU é muito bom e um alívio pra mim que nunca gostei de Vagarosa.
Baile da Ilusão numa disputa pau a pau com Chegava em Mim pra ver qual é a melhor faixa do CD.




Sunday, February 12, 2012

Receita de bolo

Não sei se é o tempo em que vivemos ou se sempre foi assim. Existe toda uma sorte de boleiros - profissionais, mães e amadores - prontos para lhe dar uma receita de como fazer a coisa certa.
Queria conhecer uma pessoa que estando com sede não busque a água que está ao alcance de seus olhos ou que castigado e enfraquecido pelo sol não deseje a sombra. Alguém que tenha medo de se afogar e não tente alcançar uma tábua de salvação ou que tendo conhecido muita felicidade numa situação não tente perpetuá-la ou mesmo repití-la.
Meu bolo favorito é o de fubá. Já comi muitos pedaços e de vários boleiros diferentes. Os melhores foram preparados sem receitas, por pessoas que simplesmente sabiam o que estavam fazendo. Conheciam os ingredientes, as medidas, os segredinhos e o tempo certo de preparo. 

Saturday, February 11, 2012

TPM

Na data de hoje reconheço que sofro de crises terríveis de TPM. Passei dois dias miseráveis e acho que seja a hora de buscar uma solução já que ninguém nasceu pra ser infeliz, mesmo que só por dois dias.

Sono bom

Dormir com aquele barulhinho de chuva foi restaurador.
Aprendi um exercício novo que pode ser feito a qualquer momento, mas que no meu caso será usado sempre que o corpo estiver cansado demais para sustentar minha meditação. Consiste em deitar-se, colocar a mão sobre o coração e perceber o que acontece naquela região. Se está quente ou frio, se existe espaço, se surge alguma emoção. 
Com a chuva caindo e a atenção lentamente se concentrando no meu peito, encontrei o sossego. Depois foi só dormir em paz.

Friday, February 10, 2012

Animação

Eu queria fazer uma animação em preto, vermelho e branco. 
Diferentes formas brancas cairiam dentro do preto e aos poucos seriam absorvidas até que restasse apenas um negrume absoluto. O movimento se repetiria enquanto o tempo transcorresse. Devagar, uma forma vermelha começaria a ser vista e cairia no preto. Diferente do branco, o vermelho não se fundiria com a ausência de luz e ficaria ali a vista de todos. Incomodando e agradando.

Tuesday, February 07, 2012

Allah lá ô

Saudade mau de amor, de amor.
Saudade dor que dói demais.

Monday, February 06, 2012

Filosofia de AXN


"A adversidade é como um vento forte. Arranca de nós tudo, menos o que não nos pode ser tirado, de maneira que nos vemos exatamente como somos" by Arthur Golden.

O que ficou pode ser frágil, pode ser desconhecido, pode estar num lugar trancado, mas nem o vento forte foi capaz de arrancá-lo que é para que você não se perca de sí.


Wednesday, February 01, 2012

Peter, Bjorn and John

Ótimos vídeos do Gimme Some que eu adoro.


Saturday, January 28, 2012

Da série onde está o vilão


Era uma vez um menino magrelo que morava num amontoado de barracos numa terra chamada Favela. Sua mãe tinha nome de princesa e antes de completar duas décadas de reinado já tinha trazido ao mundo quatro herdeiros, todos meninos como nosso menino magrelo. Ele tinha um nome, mas mais importante do que isso ele tinha personalidade e por isso lhe chamavam de Mijado.
Em Favela sempre se ouvia barulho fosse dia ou fosse noite. Música, choro, tiro, riso ou grito. Uma festa, alguns diriam.
Numa terra muito, muito distante de Favela havia um menino rosado que vivia num amontoado de andares de prédios. Esse reino era chamado Cidade da Higiene. Sua mãe tinha nome de santa e logo depois de se realizar na profissão trouxe ao mundo um anjo cor de rosa, nosso menino rosado. Ele tinha dois nomes, mas mais importante do que isso ele tinha origem e por isso lhe chamavam de Junior.
Na Cidade da Higiene se ouvia barulho durante o dia. Carro, moto, pássaros e o apito dos rádios dos seguranças. Uma beleza, alguns diriam.
Mijado, como já foi dito, tinha personalidade. Menino arteiro, desbocado que obviamente não dava pro estudo como bem notou sua última professora. Tanto bateu, xingou e quebrou que acabou fora da escola. A notícia não espantou a mãe-princesa que se encontrava envolvida demais na tarefa de achar um novo sapo. Enquanto procurava nos brejos não percebeu que Mijado deixara Favela para trás.
Junior, como já foi dito, tinha dois nomes. No colégio lhe chamavam pelo primeiro. Na natação usavam o segundo. Na aula de guitarra era mesmo o Juninho. Menino arteiro, desbocado que obviamente precisava de muitas atividades para gastar o excesso de energia como bem notou sua coordenadora pedagógica. Tanto estudou, nadou e tocou que acabou estafado. A notícia preocupou a mãe-santa que se encontrava envolvida demais na tarefa de ser promovida. Enquanto resolvia questões complexas pediu para Babá levar Junior ao médico.
No caminho de Mijado surgiu uma chance de ouro. Uma ilha livre cheia de criaturas mágicas a que deram o nome de Terra dos Craques. Lá encontraria abrigo e viveria sonhos com outras crianças que como ele não pertenciam a lugar algum. Mijado finalmente foi feliz por incríveis quinze minutos. O mundo não poderia ser um lugar tão injusto. E não era. Logo ele conseguiu mais quinze minutos, outros quinze e assim seguiu sempre perambulando em busca de sua lasca iluminada com quinze minutos felizes.
De mãos dadas com Babá, Junior seguia rumo ao consultório que ficava a dois quarteirões de sua casa. Finalmente receberia cuidados para recuperar a saúde e voltar a ser o mesmo Juninho de antes que estudava, nadava e tocava. Depois do médico a mãe deixaria que ele finalmente jogasse o novo video game dado pelo pai. A vida não poderia ser tão injusta. E não era. Logo ele foi atendido, recebeu vitaminas e um pedido para exame de sangue.
Mijado estava ansioso pra achar seus quinze minutos de felicidade.
Juninho estava ansioso pra testar o novo video game.
Na esquina do consutório, próximo do paraíso de um e da casa de outro, Mijado encontrou Juninho. Desse encontro, por motivos diferentes, nenhum dos dois se lembrará, mas o povo de todas as terras sim. E se perguntarão como foi possível.








Friday, January 27, 2012

Caderno

A adrenalina não diminui e bebi o suficiente para ponderar que não é bom meditar neste estado.
Cadernos, blocos de papel e folhas soltas. Sempre tenho um deles ao alcance das mãos. 
O chato é que ultimamente só consigo rabiscar palavras e mais palavras sobre mim e aquilo que vai dentro da minha cabecinha dura: uma corrida louca para me distanciar do que já foi e alcançar o que será. Sei que nessa corrida não posso ser melhor do que o Rubinho.
Escrever sobre outras coisas é um sintoma. Sinal de que o movimento continua, mas não a corrida.

Thursday, January 26, 2012

O tempo de cada coisa

Sou impaciente. Cada dia menos, mas é preciso conhecer seus adversários para poder vencê-los e a impaciência habita em mim desde que eu me lembro de ser eu.
"Não te impacientes"...quantas vezes ouvi essa frase sair da boca do meu pai?! Houve época em que ouvir alguém me aconselhando a ter paciência acabava com o restinho dela que eu ainda pudesse ter.
Que bom que o tempo passa e que de uma forma ou de outra eu aceito que ele me mude. Nem sempre eu mudo no tempo que minha impaciência tolera, mas eu mudo no tempo que minha paciência consegue. E o clichê tá certo, cada coisa tem mesmo seu tempo.


A Brisa chegou em casa menor do que meu chinelo 35. Por mais que incomodasse, ela chorava, sujava a casa e roía as coisas. Detestava colo e passava mal em todo passeio de carro, por mais curto que fosse.
Hoje ela é uma magrela enorme. Só chora pra ganhar carinho ou subir no colo, faz seu cocô no lugar certinho e virou uma senhora maria gasolina. 
Ela não cresceu em função da minha vontade por mais que eu tenha a presunção de querer controlar as variáveis da vida.

Puta show

Não sei se foi a passadinha prévia na apresentação do Ney Matogrosso, se foi a caminhada pelo Centro, a noite quente, a companhia boa, o chopp gelado ou simplesmente a ótima performance do The Rapture. O fato é que o show de ontem foi bárbaro e já está no hall da minha memória ao ladinho do show de 2007 do Keane.

Tuesday, January 24, 2012

Enjôo no carro

Quando criança eu vinha de Santos para visitar minha vó e às vezes pegava Metrô. Do Jabaquara até a Sé eu costumava parar umas quatro vezes. O motivo era simples - enjôo forte e vômito certo.
Em carrossel eu brinquei três ou quatro vezes em toda a minha vida. De novo, enjôo e vômito.
Ler em movimento, seja no carro, Metrô ou avião, sempre foi complicado. Antes e hoje.
Por mais que eu queira girar, por maior que seja minha vontade de ler enquanto viajo não encontro um meio de vencer meu labirinto defeituoso. Passam-se os anos, testo novos truques, me concentro na respiração, mas o resultado é sempre o mesmo.
Eu desisto agora e largo o livro.
Passou da hora de admitir que eu não tenho capacidade de controlar algumas coisas. Por mais que eu queira, por mais que racionalmente o funcionamento de tudo seja lógico, não dá. Eu não consigo.
Ler num carro em movimento resulta em enjôo. Se preciso tanto ler, melhor descer do carro. Se preciso viajar, melhor largar o livro.

The Rapture

Tô duvidando que amanhã eles toquem coisas antigas, mas torcer não custa nada.


Quem conta um...

- Quelle langue est-ce, perguntou intrigada. Tentou levantar-se. Tontura e dor. Agora sobrava tempo para sentí-la. Era no topo da cabeça. Levou a mão ao centro das pontadas.
- C'est ecchymose géant! Comment est-ce arrivé ... ahune noix de coco!
Voltou ao presente e viu seus salvadores apontarem para o fruto verde que se encontrava no chão de areia.
- Ela poderia ter morrido, diziam eles sem que ela compreendesse nada.
- Moça, a senhora está hospedada em qual pousada, perguntou o rosto que parecia mais velho. - A senhora consegue caminhar até lá, completou aumentando o volume das palavras para ser entendido.
Je vais bienIl était une noix de cocoHeureusement que ces palmiers sont des nainesJe veux dire, pas de nains, mais plus petit que prévu. Ela falava tudo muito rápido e aumentava o tom da voz na esperança de ser compreendida por aqueles olhares ansiosos.

French

Perdí o passo, quer dizer a lapiseira, na parte do francês. O que eu tinha rabiscado tempos atrás não faz sentido para os meus olhos de agora.
Preciso colocar na lista de coisas importantes para aprender antes de morrer: francês.

Monday, January 23, 2012

Sunday, January 22, 2012

Bora

O sono tá me enrolando desde às oito horas da noite. Me abraça, me pega, parece letra de pagode. Falei pra ele esperar o tempo de um pastel e de um churros com doce de leite, mas para nossa decepção - minha e do meu sono - a pastelaria estava fechada. Achei uma temakeria e não consegui sequer mastigar o último cone.

Across the Universe

Toda vez que vejo esse filme redescubro as letras dos Beatles. E choro.

Saturday, January 21, 2012

Memória do cheiro

Minha memória é um traço marcante.
Imagens, sons e sabores de anos brotam na minha frente como se tivessem sido experimentados ontem. Ouço um som que me desperta a lembrança de algo parecido.
Toques e cheiros fazem marcas mais fracas. Talvez não sejam marcas mais fracas porque daquilo que recordo tenho a sensação latente.
Tive um olfato apurado até fazer estágio numa usina. Depois disso minha alergia respiratória alcançou níveis extremos e a rinite virou parceira de quase toda hora. Não percebo mais os detalhes dos cheiros e há dias em que realmente não sinto aroma algum. Minhas memórias olfativas normalmente estão ligadas à acontecimentos de infância e adolescência com algumas exceções.
Já o tato é uma coisa diferente. Eu lembro dos toques e das sensações. Sou uma típica taurina que adora massagens e carinhos... o estranhamento se dá porque eu não revivo a sensação como nos outros sentidos. Nunca acontece de sentir um toque que me remeta a outro toque. O único contato que me faz reviver coisas passadas é o toque de certos ventos.

Friday, January 20, 2012

4 horas de sono

Graças aos meus queridos vizinhos dormi apenas 4 horas desde que me deitei às 6 de la matina. Apesar de precisar muito de minhas sagradas 8 horas de sono diárias, meu humor voltou.
Acho que eram os hormônios.
Acho que vi uma gata. Eu vi uma gata e ela miou pra mim.

Thursday, January 19, 2012

Mau humor

Depois de uma grande temporada de leveza, essa manhã acordei tomada pelo mau humor.
Pode ser um reflexo comum, resultado da frustração. Em São Paulo só chove e todo movimento que tento fazer parece uma caminhada em areia movediça. Por outro lado, talvez sejam os hormônios alagando meu cérebro.
Seja o que for, cansei de Luizas, Telós e dos repetidos discursos vazios. Sinto raiva mesmo de todo mundo que parece procurar um palquinho para soltar sua verborragia do momento. Tanta gente querendo só falar e nunca ouvir. E os imitadores...ah, esses são os que me dão mais asco. Gente tacanha que muda de gosto e de opinião conforme a turma. 
"Há 30 anos perdemos Elis"...foda-se a Elis. Ela gostava de whisky com cocaína e morreu por conta disso. Talvez a família dela tenha perdido algo, mas eu não perdi coisa nenhuma. Era presunçosa pra cacete e chegou a dizer que cantora no Brasil só tinha ela e a Gal. Dai morre e começa o endeusamento feito até por pessoas que nunca ouviram sequer uma música cantada por ela.
A questão é que eu estou mal humorada, mas eu fui castrada pela educação que recebi o que me impede de cuspir o que penso. Resolvi desabafar um pouco por aqui para ler esse post em alguns dias e quem sabe achar graça do meu azedume. 

Wednesday, January 18, 2012

Quem conta um...


O barulho confuso parecia que vinha de um túnel. Começou a crescer e ficar mais claro. Claro não, perceptível. Assim como as bofetadas que sentia no rosto. 
Abriu os olhos e encontrou quatro ou cinco rostos desconhecidos. Aquelas quatro ou cinco bocas se mexiam e emitiam sons desencontrados. Escutava as vozes, percebia a melodia das palavras, mas não compreendia o sentido daquilo tudo.

Tuesday, January 17, 2012

Banho de chuva

Molhada eu já estava. Então, me lembrei da ação com intenção.
Calcei tênis de corrida. Vesti short e camiseta. Sai pra fazer nada além de tomar chuva na cara.
A água bateu no rosto, molhou minha roupa e sujou o calçado. 
Eu sorrí. Foi tudo que tive vontade de fazer. E fiz.

Quem conta um...


Virou a última página e suspirou. Era o fim do terceiro livro lido naquela semana de férias com a família.
A estória era ótima. Um homem numa crise de identidade que abandona seu trabalho, suas pontes, ruas e hábitos. No mesmo passo que deixa seus costumes, ruma para outro país a procura do autor de um livro que folheara. Escritos de uma língua que aquele homem não conhecia. Português.
Assim que a satisfação assentou-se dentro dela, ela levantou o olhar e voltou ao presente. O mar azulado a sua frente, uma praia de areia branca emoldurada por coqueirais dos dois lados.
Escolheu um ponto na paisagem. Não queria pensar na rotina que deixara para trás.
Coqueiros. Tantos. Tirou os óculos escuros para ter certeza que capturava a combinação certa – azul celeste, verde amarelado das folhas e uma cor de palha na areia. Os coqueiros não eram anões, tampouco eram altos como se podia esperar. Branco cremoso! Uma nuvem completou a visão.
Ia chover e era melhor se apressar no caminho da volta. Recolheu o par de chinelos, vestiu sua camiseta e seguiu para a trilha.
Caminhava num passo tranquilo, sem medo do sol e menos ainda da chuva.
Não escutou o som de pancada abafada. A dor foi muito breve e mal pode ser notada.

Monday, January 16, 2012

Barulhinho bom

É tão baixinho que ninguém mais escuta. Só eu. 
Se antes era um fantasma que me assustava hoje é um companheiro que me faz bem. Me machucou, mas venho perdendo o medo. Me liberto e dou um passo adiante sempre que escuto esse sussurro agridoce.

Saturday, January 14, 2012

Movimento

Ano novo, de volta da praia, cabelo tratado e com novo corte.
Símbolo, símbolo e mais simbologia.
A vida me pediu muito silêncio e aquietação. Eu dei. O tempo que ela demandou de mim foi dado. Melhor, investido generosamente.
Agora, eu peço movimento pra vida. E sei que ela me atenderá. Basta eu soltar o corpo e abrir os braços.

Wednesday, January 11, 2012

Chapação

C h a a a pa ç ç ã a aasao on n

Tuesday, January 10, 2012

Snorkeling noturno

Madrugada adentro. A lua cheia não abre mão do seu showzinho diário. Estou pregada.
Fui pro mar sob a luz Yin. Fui ver o desconhecido e me deparei com cores, lagostas arredias, lulinhas encantadoras, peixes, peixes e o peixe morcego que segurei nas mãos.
Tudo misterioso. Tudo fascinante.