Virou a última página e suspirou. Era o fim do terceiro livro lido
naquela semana de férias com a família.
A estória era ótima. Um homem numa crise de identidade que abandona seu
trabalho, suas pontes, ruas e hábitos. No mesmo passo que deixa seus costumes,
ruma para outro país a procura do autor de um livro que folheara. Escritos de
uma língua que aquele homem não conhecia. Português.
Assim que a satisfação assentou-se dentro dela, ela levantou o olhar e
voltou ao presente. O mar azulado a sua frente, uma praia de areia branca
emoldurada por coqueirais dos dois lados.
Escolheu um ponto na paisagem. Não queria pensar na rotina que deixara
para trás.
Coqueiros. Tantos. Tirou os óculos escuros para ter certeza que
capturava a combinação certa – azul celeste, verde amarelado das folhas e uma
cor de palha na areia. Os coqueiros não eram anões, tampouco eram altos como se
podia esperar. Branco cremoso! Uma nuvem completou a visão.
Ia chover e era melhor se apressar no caminho da volta. Recolheu o par
de chinelos, vestiu sua camiseta e seguiu para a trilha.
Caminhava num passo tranquilo, sem medo do sol e menos ainda da chuva.
Não escutou o som de pancada abafada. A dor foi muito breve e mal pode
ser notada.
No comments:
Post a Comment