Sunday, October 30, 2011

Você repete algumas coisas na infância e sem notar elas viram hábitos. Mais algum tempo e logo surgem as crenças que carregamos por tanto tempo. Em alguns casos, carregamos até a morte. Espero que não seja o meu.
Verdade é de ouro. Dizê-la redime o ser humano de seus erros. 
Quando o vaso aparece quebrado a coisa certa a ser feita, o ato digno é dar um passo a frente, olhar nos olhos de seu inquisitor e assumir a responsabilidade.  Nunca acusar um inocente, nunca negar sua ação. A falha máxima permitida é a covardia de se calar, mas ela pode ser usada poucas vezes como as quedas necessárias para se aprender a andar de bicicleta.
Inúmeras vezes pude notar o orgulho e a admiração tocar a minha face quando fui sincera. Eu quebrei, eu fiz, eu errei, eu comecei, eu bati, eu não fui, eu não quis. 
Quem me admirou nesses momentos sempre achou estar fazendo o melhor, tentando criar um ser humano capaz de fazer boas coisas no mundo em que viveria. Só que o mundo não é plano, a vida não é lógica e existe uma mágica chamada percepção. É preciso se adaptar a tudo isso.
Como definir a verdade? O que é real? Para que essas coisas servem?
Penso que é preciso aprender a se mentir em benefício próprio. Tornar essa ação um hábito e depois uma crença. Só assim haverá equilíbrio e depois do equilíbrio, força para adaptar-se a vida. Aí sim existirá um ser humano capaz de extrair coisas boas do mundo.

Saturday, October 29, 2011

"...O dar-vos quanto tenho e quanto posso.
Que quanto mais vos pago, mais vos devo".

Um trecho de Camões que só conheci por causa de Elizabeth Bishop.

Thursday, October 27, 2011

A simplicidade é tão bonita.
E claro que devo estar enganada, mas é um caso de percepção. Coisas simples me parecem puras, tocadas pela graça.
Simplesmente, fiquei emocionada pela combinação de melodia, letra e imagem. Chorei.

A Arte de Perder
Michael Sledge


Terminei de ler o romance na última madrugada.
Não sei se ele teve acesso a correspondência trocada entre a poeta Elizabeth Bishop e a paisagista Lota de Macedo Soares, mas sua obra é tão envolvente que várias vezes me senti ao lado de Bishop, vendo as mesmas paisagens do antigo Rio ou sofrendo do mesmo tipo de mal de amor.
Livro bom sobra uma estória maravilhosa, apesar de triste.

Wednesday, October 26, 2011

The Black Keys
Lonely Boy


Que dançarino!

Tuesday, October 25, 2011

Wake up
Arcade Fire & David Bowie






Miss Representation


O documentário fala da mulher e sua representação diminuída na grande indústria de mídia americana. Não sei se o documentário é bom ou não. Na verdade, nem curiosidade de assistí-lo eu tinha.
O que eu gostei mesmo foi da adaptação do velho poster "you can do it".


“The most common way people give up their power
is by thinking they don’t have any.”
~ Alice Walker


Monday, October 24, 2011

O Maroto de segunda teve um ritmo bom e transpirei até os meus pensamentos. Sensação boa essa de ter o corpo prazerosamente cansado.

Someone Still Loves You Boris Yeltsin


Sunday, October 23, 2011

Falcão é gênio.

Quando todo mundo julga que a pessoa está por baixo é que ela mostra a sua força. Ele está certo. O brilho dele ninguém tira. Respeito.

Lytro lightfield

Essa é muito boa.
Uma pequena câmera fotográfica de bolso que captura a luz em quatro dimensões. Na prática, o que isso significa?
Significa que você pode fotografar o que quiser, sem se preocupar com o foco. O foco é dado pós fato.

http://www.mobilemag.com/2011/10/20/shoot-first-focus-later-lytro-lightfield-camera-has-“four-dimensions/
Liar.

Essa música do Queen é muito rock and roll, mas acho que o vídeo poderia ser diferente. Ele não me passa a intensidade da música.

Saturday, October 22, 2011

Eu assisti um filme esse fim de semana que poderia se chamar A Vagabunda.
A vagabunda era tão dissimulada quanto essas vilãs de novela das 8. Se fazia de doce, de boazinha, de preocupada, mas era um modelo de ordinária do horário nobre da Globo.
O roteiro parecia forçado. Eu achei forçado.
O que dizer da moça que sai de casa toda doce e sorridente, deixando seu par com um suave beijo na testa, para jantar com os amigos quando na verdade ela foi transar por aí? Tá bom. Essa parte é bem verossímel.
E a cena da mesma moça cujo mesmo par está viajando enquanto ela leva duas pessoas em casa para fazer sexo a três? A casa era o lar do casal principal. Não é forçado? E se eu falar que o cara broxou e que a aspirante a Bruna Surfistinha não teve vergonha nenhuma (na verdade ela achou muita graça) de contar essa história para a amante que não era uma das pessoas do ménage? Você ainda acha esse roteiro normal?
Acho essa estória muito ruim. A moça foi confrontada pelo seu par. Aí ela abusou com suas expressões faciais, exclamações e indignação latente negando qualquer um desses atos. Canastrice no último!
Em paralelo, a moça também flertava com um personagem com cara de sujo, de porco mesmo. Ficou implícito que a coisa rolava há muito mais tempo. Eles se encontravam numa casa que ficava num bairro longe e que tinha cachoeira. Rolava uma sacanagem.
Daí você deve estar exclamando, é claro que rolava sacanagem há mais tempo! Você foi assistir um filme pornô! É claro que só rolava sacanagem e baixaria.
A sinopse dizia que essa merda de filme era romance.
Bom, em algum momento esse arremedo de romance tinha que me mostrar alguma coisa melhor. Sim, teve o plot point.
O par banana. Esse par era tão ruim quanto a putinha. Convenhamos, passar por tudo isso e ficar choramingando pelos cantos, achando justificativas para a vilã. Nem a Rutinha faria isso.
Pois bem, coube ao par fazer a última parte do romance-pornô-pastelão. No melhor estilo Dogville, o par se vingou de cada um deles. Da amante que sempre fora bem tratada e respeitada, do porco e da mau caráter principal que ficou com o peso de ter sido responsável pela desgraça dos dois envolvidos. O broxa foi poupado, mas não me perguntem o motivo.
Eu recomendo fortemente, não assistam essa porcaria de quinta categoria. Para ajudá-los a manter distância dessa estória foleira eu nem falei o nome do filme.

Friday, October 21, 2011


By Doriane Favre.
Adorei a idéia do post it relógio.

Thursday, October 20, 2011

Estou tão perdida que acordei na madrugada passada sem saber onde estava. Tive que tocar a parede com as mãos para me sentir em algum lugar sólido, com proteção.
Hoje o meu Mestre dos Magos disse que quando sentimos medo de um cachorro, por mais que tentemos disfarçar, ele percebe. Percebendo, seu instinto de sobrevivência solta um alerta para que ele decida rapidamente se a pessoa com medo vai fugir ou vai lutar. Então, na maioria das vezes, o cão ataca.
Quero contrariar a socialização da minha natureza. Não quero mais ser gentil, protetora, tolerante com os erros de quem amo, acho que nem quero mais amar ninguém além da minha mãe e da minha cachorra. Não quero mais andar com o rabo no meio das pernas até que meu respeito próprio se esvaia e eu não tenha brios nem para lutar.
Quero minha força de volta, mesmo que ela venha com toneladas de raiva. Quero que a dor que eu sinto seja sentida em dobro por qualquer um que me machuque. Sem poupar ninguém porque essa ideia de poupar alguns é pura covardia disfarçada de afeto. Medo de não ser merecedora. Merecedora do quê? A única coisa que eu garanto que não sou merecedora é dessa merda que jogaram em mim.
Chega. Meu limite foi ultrapassado e quando não há nada a se perder, não é preciso sentir medo de perder nada. Que a raiva venha e expulse qualquer fraqueza de mim.

Wednesday, October 19, 2011

Contrariando todas as minhas expectativas, não passei no exame médico e não tenho mais perspectiva de começar em um novo emprego.
O motivo? A médica que mal me olhou na cara e que não se sentia confortável sem um parecer de um ortopedista disse que talvez eu tivésse LER. O engraçado é que essa médica pertence a mesma empresa que fez meu exame periódico e meu demissional algumas semanas atrás. Naquela ocasião, o médico também não olhou na minha cara, mas disse que eu estava apta para o trabalho e apta para o desligamento.
Como eu estou? Frustrada, com raiva, me questionando o motivo de coisas tão desagradáveis estarem acontecendo comigo quase que uma atrás da outra.
Acho que das três sensações, a que vale a pena eu me apegar é com a raiva. Estou de saco cheio da vida, das pessoas que me fazem sofrer e dessa atitude imbecil de monge budista que fica esperando pacientemente por uma compreensão maior das coisas. Eu não sou monja, não sou budista e provavelmente meu melhor lado seja o meu pior lado. O lado da guerra, da força, da reação.
Cansei. Parece que a vida quer me cutucar e eu quero que ela vá a merda. Quero que ela e todo mundo que me faz sofrer vá se foder nos quintos dos infernos.

Saturday, October 15, 2011

Um constante estado de alerta que dificulta a entrega completa a qualquer atividade, coisa ou pessoa.
Concordei plenamente com essa descrição. Poucos dias depois, com leituras, respirações e gentileza, abracei genuinamente o desejo de me aperfeiçoar para meu próprio prazer e benefício.
Estranho que um conceito tão óbvio não tenha me sensibilizado antes, mas creio que os ensinamentos só são absorvidos quando estamos preparados.
Impossível fazer sonetos antes de ser alfabetizado.

Friday, October 14, 2011

Ontem, próximo do final da tarde, recebi uma notícia boa e revigorante. Farei exames médicos na terça-feira e devo começar a trabalhar na semana seguinte, no dia 26.
Esperei essa notícia com certa ansiedade, depois com receio, para enfim acalmar meus pensamentos e entender que esse ou outro emprego surgiriam na hora correta.
Se eu fosse contratada em julho, sem uma descompressão, carregaria comigo todo o peso de meu antigo emprego e não me apresentaria desarmada. Se a vaga tivesse sido fechado em agosto ou setembro, levaria comigo toda a tensão e depois a tristeza por conta das feridas que meu antigo relacionamento abriu em mim. Nas primeiras semanas de outubro eu ainda chorava e ter tempo livre para ser cuidada pela minha mãe ou para me concentrar na reconstrução da minha auto-estima e da minha força interior com intervenções da fisioterapia, terapia e meditação foi fundamental.
Ansiedade e impaciência são defeitos que reconheço em mim desde a mais tenra infância. Receber, perceber e relatar uma lição como essa que a vida me deu é um estímulo extra para permanecer observando meu comportamento, acreditar na roda da vida e cultivar a paciência.
Dúvidas não são um mal a ser combatido. Elas devem ser vistas como uma dádiva em certos momentos como o atual. Ao invés de lutar contra elas eu devo dedicar tempo analisando aquilo que as provoca.
Aceito a dúvida porque não tenho motivos para ter certeza.

Thursday, October 13, 2011

Meu terapeuta, dr. Dimas, é uma pessoa com um talento enorme para desvendar a alma humana. Tenho ciência da sorte que possuo por tê-lo encontrado nessa fase de coincidências e oportunidades tão boas que a vida vem me apresentando.
Hoje ele falou uma coisa tão simples que chega a ser idiota. Essa coisa óbvia também me encontrou ontem quando lia sobre o Budismo. A vida é feita de amor e de dor, de alegria e de tristeza: dukha. Tentar evitar a tristeza é evitar a vida, a alegria que sempre vem depois.

Tuesday, October 11, 2011

Gentileza é artigo raro e quase de luxo. O curioso é que fui criada cultivando a gentileza e por isso ela sai de mim naturalmente, além de me fazer falta vez ou outra. Só que na selva onde vivo, a gentileza é quase sempre confundida - babaquice, flerte, interesses diversos.
É muito cansativo viver uma vida em que nossas ações devem ser calculadas para que não sejamos incorretamente julgados. Acho que prefiro o isolamento.

Monday, October 10, 2011

Comecei a ler sobre Budismo e apesar de conhecer muito pouco, o tom sereno dos ensinamentos que li é bom. Parece uma doutrina que não causa ansiedade.
Religião parece ser um tema intrigante na minha vida e isso está no meu mapa astral. Acredito em muitas coisas que aprendi com meu pai e ao mesmo tempo duvido de tudo.
De qualquer forma, quero ter um esteio que me equilibre a cada vez que constato a fragilidade do mundo que chamo de real. Preciso apenas me sentir confortável com esse esteio.
Minha favorita do novo álbum do Wilco.

Saturday, October 08, 2011

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Gosto de cover, gosto da música e adoro a Lykke Li. Quase doeu ouví-la nessa versão.
Sonhar parece corriqueiro e deveria mesmo ser. Eu que tanto sonhei me incomodo com minhas fases sem escapadas noturnas. Normalmente, essas fases são associadas a períodos de desconexão com algo que nem sei o que é. Só sei dizer que algo fica desligado em mim.
Como diria o Herbert, a noite passada eu sonhei com você. Cabelos loiros com cachos leves. Olhos verdes e sorriso aberto. Parecia um domingo do passado em que eu cruzava com você saindo da praia em frente ao Joinville. Quase pude ouvir a sua voz, mas no sonho você só me mostrava os dentes num riso doce.
Acordei feliz. Por ter sonhado. Por ter sonhado com você. Por ter recebido um sorriso tão bonito. 
E, do nada, me lembrei que seu aniversário também é no dia 4 de fevereiro.

Thursday, October 06, 2011

A Brisa tem passado muito tempo com as orelhas para trás. Ela costuma fazer isso quando está feliz e quer ganhar carinho.
A presença de um ser vivo que não seja um adulto cheio de travas faz bem a casa da minha mãe. Ela sorri bastante mesmo quando finge brigar com a vira latas magrela. Prepara frango especialmente para a cachorra e sorri aberto quando a Brisa joga-lhe o bolão no colo.

Tuesday, October 04, 2011

O tempo livre tem servido para os exercícios que talvez eu possa chamar de meditação e para música. Música nova, música velha, música (?) na minha guitarra. Carinho na audição!

Monday, October 03, 2011

Admiro a coragem daqueles que odeiam sem culpas.

Admiro a sabedoria daqueles que perdoam sem esforço.
Entrei na internet e vi duas manchetes: uma falava do temor de um homem gay durante o espancamento que ele e seu namorado sofreram na madrugada de sábado; a outra falava sobre a morte de um homem de 33 anos que discutiu com um segurança de agência bancária.
Alienação ou não, decidi não clicar em nenhuma das duas matérias. Ao invés de buscar os detalhes dos dois casos, preferi refletir sobre o que quer que viesse a minha mente.
Here I am.
Parece mesmo que tudo é dois. Alegria e tristeza, paz e guerra, amor e ódio. Deve ser assim mesmo, mas continuo sofrendo do mal de não aceitar essa condição passivamente. Permaneço procurando um remédio, um antídoto que me permita viver bem num mundo onde tudo é dois, mas que ao mesmo tempo me deixe manter a fé de que podemos criar um mundo onde tudo é um.