Friday, May 18, 2007

Fui ao cinema com amigas e quando cheguei em casa a Grande Família estava no fim.
Banho rápido, dentes e sala para ver tv.
O catastrófico Linha Direta estava no ar e peguei o controle para começar a curtíssima viagem pelos canais (é, eu não tenho tv a cabo!).
Antes de conseguir mudar eu ví uma senhora falando. Era negra, um pouco gorda e parecia estar serena. Cara de mãe!
Ela era mãe. Moradora de uma favela no Rio, ela era mãe de uma das vítimas citadas no programa. Negro e jovem, ele foi um dos rapazes exterminado por policiais militares do estado. Não teve direito a se identificar, não teve crime registrado e só lhe restou o espancamento covarde e a morte.
Voltemos a ela que descrevia o filho e a condição na qual ela o encontrou de uma forma perturbadoramente resignada. Demonstrava sentir saudade dele mas não transparecia nem um pingo de revolta ou de ódio pelos algozes do rapaz.
Enojada com a situação e comovida com a bondade daquela mulher, mudei de canal.
Não me lembro o que assistí.
Fiquei pensando na fonte dos ódios humanos.

No comments: